Marcelo Rocha de Bastos e seus amigos em Guaratuba. O educador físico diz que as caixinhas ajudam a animar a praia| Foto: Fotos: Albari Rosa/Gazeta do Povo

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O barulho do mar da Praia Central, em Guaratuba, disputa espaço com a música Giddy Up, do grupo neozelandês Katchafire. O som vem de uma caixinha portátil preta, de 14 cm de diâmetro por 26 cm de comprimento, posicionada bem no meio de um grupo de 13 amigos vindos de Curitiba.

Quem trouxe o acessório foi o educador físico Marcelo Rocha de Bastos, 23. “Eu adquiri porque acho que música deixa a praia mais animada”, conta, enquanto seus amigos dão pulinhos no ar, naquele movimento típico do estilo popularizado por Bob Marley nos anos 60.

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A cada 20 metros andado pelas areais do Litoral paranaense é possível ver alguém portanto uma dessas caixinhas. O operador de máquinas Gilberto Blacha, 32, é o único que foge um pouco à regra. Em vez de um portátil, ele carrega uma caixa acústica grande, de 300 watts, quatro vezes maior do que os populares portáteis.

“Comprei para usar em casa, mas daí decidi trazer para a praia também. Hoje só vai rolar sertanejo universitário”, conta, enquanto se prepara para montar o guarda-sol na praia ao lado do Morro do Cristo, em Guaratuba.

 

E quem acha que o som perturba os banhistas, é porque nunca ouviu o educador Dario Kosugi, 23. Ele usou a palavra “amo” para descrever o que sente por quem leva música para a beira da areia. “Na maioria das vezes paro perto de quem tem caixa de som só para curtir a música junto com a pessoa”, conta.

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Procura

O uso de caixinha de som virou moda não somente no Litoral do Paraná, mas em todo o Brasil. Em Guarujá, no Litoral de São Paulo, por exemplo, existe até disputa de som, coisa que não acontece (ainda) aqui pelo estado.

A moda também é refletida nas pesquisas do Google. De acordo com a ferramenta Trends, que mostra os termos mais buscados em um passado recente, a procura por “caixa de som portátil bluetooth” cresceu mais de 100% no Brasil na última semana de dezembro de 2016, quando comparado com o mesmo período do ano anterior. As lojas de eletrônicos agradecem.

Perturbação do sossego

Diferente de outros locais no Brasil, os veranistas do Litoral do Paraná não costumam aumentar muito o volume do som. “Não tivemos nenhum caso de perturbação de sossego nas areias”, conta o soldado da Polícia Militar Edemar Cecchim.

O artigo 42 da Lei de Contravenções Penais prevê prisão simples de até três meses para quem perturbar o sossego “com gritaria e algazarra” ou “abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos”. Segundo relatório das ações da Operação Verão, realizadas pelo governo estadual, os casos são frequentes nas praias do estado, mas geralmente ocorrem nas casas e nas ruas, bem longe do mar.

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Lixo na praia incomoda mais

Estudo divulgado em dezembro de 2016 pelo site Expedia, empresa de viagens e tecnologia dos Estados Unidos, analisou os 10 comportamentos que mais incomodam os brasileiros que vão para a praia. Ouvir música apareceu em sexto lugar.

A conduta mais irritante, segundo a pesquisa, é não recolher o lixo deixado na praia. Em segundo lugar, aparece o pai desatento, seguido de quem fala alto e do invasor de guarda-sol.

A pesquisa também apontou outros comportamentos inusitados. O brasileiro do sexo masculino, por exemplo, é o que mais gosta de usar sunga na praia, ficando atrás apenas dos holandeses.

Os “brazucas” também são os mais vaidosos quando vão para a praia, ficando atrás apenas dos mexicanos. Quando o assunto é topless, no entanto, nosso povo é bem conservador: 71% dos entrevistados não acham legal quando mulheres deixam os seios à mostra.

Já os principais receios dos banhistas do Brasil são roubos (30%), afogamento (19%) e ataques de tubarões (15%).