Menos de 15 dias após sua posse, Rafael Greca (PMN) tirou do papel a promessa de aumentar o controle sobre a vida noturna de Curitiba e colocou nas ruas, na noite desta quinta-feira (12), a primeira ação do programa “Balada Protegida”.
A operação foi em bares e casas noturnas da Rua Vicente Machado, onde o prefeito mora, e esvaziou os espaços mais cedo que de costume. O episódio, que fechou cinco pontos na região, virou polêmica nas redes sociais.
Greca defendeu e disse que o fato de a operação ter ocorrido próximo à casa dele não faz sentido. “Não aconteceu pq é perto de minha casa. Eu durmo muito bem. Balada não me incomoda. Tiros e vítimas fatais nas esquinas sim” [sic].
Policiais militares e civis e agentes da Guarda Municipal e da Secretaria de Defesa Social fizeram batidas em diversos estabelecimentos, desde as 21 horas. Os trabalhos tiveram uma estrutura semelhante às Ações Integradas de Fiscalização Urbana (Aifu), que foi reestruturada em 2012.
Rapidamente, o post recebeu centenas de comentários questionando a ação.
“Não sei porque somente a Vicente, creio porque o prefeito mora nela. Temos ruas como Trajano Reis, São Francisco, entre outras, que são dominadas pelo tráfico, e somente a Vicente ?”, disse um internauta. Outro usuário completou. “Tenho uns problemas aqui perto da minha casa também, acho que vou me candidatar”.
Festa beneficente muda de lugar
Outros internautas mostraram indignação pelo programa ter impedido a realização de uma festa beneficente em um dos bares da região. Marcado para a noite desta quinta, o evento montado para arrecadar fundos para a ONG Teto deixou de ser realizado no James Bar e foi transferido para uma casa noturna na Rua Barão do Rio Branco.
“Barrou uma festa que estava convertendo toda a entrada para o TETO. Parabéns Greca!”, escreveu um internauta.
“Ao menos nosso parceiro, Vox Bar, atendeu prontamente nosso pedido para transferir o evento (todo o staff da festa e do James). Obrigada pela compreensão de todos, desculpem o transtorno”, informou o estabelecimento em sua página no Facebook.
Alguns dos comentários chegaram a ser respondidos pelo próprio prefeito. Segundo ele, a “operação é contra ambulantes que não geram emprego, vendem drogas, bebidas falsificadas e vencidas e não geram nenhum ganho ao erário e ainda causam perturbação do sossego”.
“Toda força da lei tem nosso apoio, contra os estabelecimentos que lutam para andar na linha o bom senso! Gosto da festa da vida e vou proteger os jovens”, disse Greca.
Também nas redes sociais, Greca comentou que, a partir de agora, a mesma operação será colocada em prática “em todos os eixos de animação noturna”. “Sou a favor da balada/ da calçada com vida/ devo proteger vcs dos mercadores do mal e da morte” [sic], pontuou.
De acordo com um balanço divulgado no perfil do prefeito, a ação desta quinta-feira envolveu a fiscalização de nove pontos nas proximidades do Terminal do Guadalupe e na Avenida Vicente Machado. O comércio ambulante também foi fiscalizado.
Ao todo, foram abordados 615 pessoas e 29 veículos. O resultado foram cinco pontos fechados, 20 autos de infração de trânsito, 17 autuações administrativas em estabelecimentos, um menor encaminhado para a Delegacia do Adolescente, três pessoas levadas para a Polícia Federal e dois termos circunstanciados de infração penal (TCIP). Foram apreendidos 0,8 quilos de maconha, 1.085 DVDs piratas e 916 carteiras de cigarros.
Revisão completa
Em entrevista, o secretário municipal de Defesa Social, Algacir Mikalovski, afirmou que as ações do “Balada Protegida” serão semanais na capital e resultado de um trabalho de investigação de situações irregularidades em estabelecimentos comerciais.
As iniciativas também não devem ficar concentradas somente na Vicente Machado. A escolha por fiscalizar a região na quinta-feira se foi justificada pela proximidade da região em que a equipe estava anteriormente, o Terminal de Guadalupe.
“Continuamos o trabalho pela Vicente Machado com o objetivo de verificar a questão de trânsito, alvarás, Vigilância Sanitária e venda de bebidas alcóolicas para menores de 18 anos”, afirma.
Mikalovski sustenta que a prefeitura é obrigada a impedir que estabelecimentos funcionem com irregularidades, como questões de alvará.
“Tivemos o caso da Boate Kiss. Não podemos permitir que fiquem abertos”, argumenta ele, ao salientar que o programa contará também com ações para “evitar que pessoas dirijam alcoolizadas e adolescentes sejam protegidos”.
Nesta quinta, não foram flagrados casos de venda de álcool para adolescentes nem irregularidades envolvendo a Vigilância Sanitária.
