Embora a implantação de novas calçadas seja fundamental para a melhoria da mobilidade e acessibilidade de pedestres, calçadas antigas também precisam de atenção e manutenção. Entre os problemas que mais geram “dor de cabeça” aos usuários estão o calçamento desnivelado que, somado à “pedra da discórdia” curitibana – o petit-pavé –, é causa diária de desequilíbrio, tropeções e escorregões aos montes; a ausência de guias rebaixadas, comprometendo a acessibilidade de cadeirantes; iluminação deficiente; tampas de bueiros quebradas ou deslocadas e lixeiras-caixote alocadas sobre as calçadas, o que é proibido por lei.
Renato Kiche, 59 anos, mora no Juvevê há pelo menos três décadas e, curitibano nativo, acompanha, atento, as deficiências da cidade. Há três anos, Kiche decidiu “colecionar” problemas: quando avista alguma irregularidade, fotografa e publica em uma página do Facebook criada com o objetivo de interagir com outros incomodados. Para além da aventura que é percorrer calçadas esburacadas e do desgosto provocado pelo paver trincado, lhe causam dor de cabeça, em especial, o descumprimento da legislação vigente e o que acredita ser incompetência fiscalizatória.
“A prefeitura não cumpre a parte que lhe cabe e não faz cumprir a legislação existente. Basta caminhar alguns minutos por qualquer bairro de Curitiba e as irregularidades aparecem aos montes”, queixa-se. “A prefeitura inaugura obras, mas não faz manutenção nem fiscalização. Em todos os bairros podemos encontrar calçadas sem guia rebaixada, com inclinação irregular, com a lousa de pedra ou o petit-pavé mal assentados e, por isso, frouxos, soltos. Eu já caí e já testemunhei inúmeras quedas. Parte da responsabilidade é dos moradores e parte da administração. Mas se a prefeitura não fiscaliza, como cobrar do cidadão?”, completa.
Conscientização
Já para o analista de sistemas Gustavo Souza, 28 anos, os problemas encontrados a cada esquina evidenciam não apenas a fiscalização falha, mas a falta de conscientização e interesse por parte dos proprietários de imóveis em fazer a manutenção da calçada que lhes cabe, conforme estabelece a legislação municipal.
“É um problema cultural, a grande maioria dos moradores não liga para a calçada em frente à sua casa ou prédio. A calçada é uma das coisas que mais influencia a sensação que se tem de estar em uma cidade bonita, organizada, evoluída. Aqui temos um mosaico de calçadas boas e calçadas ruins porque há quem cuide, e há quem nunca faça manutenção”, critica.
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