O caso das camas elásticas é ainda mais complexo do que o dos brinquedos elásticos e de parques de diversão. Isso porque não há sequer norma a respeito do assunto por parte da ABNT. Os acidentes envolvendo esses brinquedos, porém, aumentam a cada dia, de acordo com relatos de médicos. O fato de poderem ser alugados (ou seja, a fiscalização de onde foram instalados é mais difícil), e de serem considerados inofensivos pelos pais, aumenta os riscos.
Segundo o chefe do grupo de trauma pediátrico do Hospital Cajuru em Curitiba, Jamil Faisal Soni, diretor da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia no Paraná, há registro de pelo menos um caso de fratura envolvendo o brinquedo a cada final de semana no hospital, principalmente de cotovelo, perna, pé e punhos, mas há casos em que a criança pode fraturar o pescoço e a coluna.
O recomendado é que o equipamento não seja usado por mais de uma criança a cada vez. "A maioria dos traumas ocorre por choques na hora em que uma criança cai em cima da outra, por isso é importante que elas brinquem sozinhas, mas essa é uma recomendação que as pessoas desconhecem".
Giovana Gabriele Araújo, de 10 anos, não vai esquecer a recomendação. Há 20 dias ela quebrou o pé durante uma brincadeira na cama elástica numa festa de aniversário. Enquanto ainda estava "no ar", viu que cairia em cima de uma colega e, para evitar o acidente, tentou se desviar e acabou caindo de mau jeito. Ficou 15 dias com o pé enfaixado e teve de andar de muletas para não perder aula. "Não sei se vou voltar a brincar na cama elástica. Talvez sim, daqui a uns meses, mas não vou entrar com outras pessoas", diz ela.
O ortopedista Rodrigo Kruchelski Machado, que atendeu Giovana, recomenda atenção redobrada dos pais, pois traumas em crianças podem se revelar mais prejudiciais do que em adultos. "A criança ainda possui um esqueleto imaturo, em desenvolvimento, e um trauma mais grave na cartilagem que está em crescimento pode ocasionar problemas mais tarde e acarretar desvios."