Protestos realizados por caminhoneiros bloquearam quatro rodovias do Paraná ao longo desta terça-feira (2). Segundo informações da Polícia Rodoviária Estadual e Polícia Rodoviária Federal, houve registro de manifestações na PR-182, na região de Realeza; na PR-364, no município de Guará; na PR-280, próximo a Clevelândia; e na BR-277, na região de Guarapuava.
Pelo menos nove estados também registraram interdições nas estradas. No Paraná, a PR-280 ficou interditada no quilômetro 178, próximo ao município de Clevelândia, por aproximadamente seis horas nesta terça-feira. O trânsito na BR-277 também foi bloqueado por caminhoneiros na altura de Guarapuava, no trevo das rodovias PR-445 e BR-369, na saída de Londrina para Cambé. A rodovia foi interditada por caminhoneiros às 17 horas de segunda-feira. A PRF pediu para os manifestantes liberarem a pista totalmente entre as 11 e 14 horas desta terça-feira, mas a demanda só foi atendida às 17 horas.
O trânsito na PR-364, no quilômetro 170, próximo ao município de Guará, também foi bloqueado. A interdição começou a partir das 10h30 e terminou somente às 18 horas desta terça-feira. O local havia sido interditado por manifestantes do Movimento Sem Terra.
Bloqueio parcial
Do total de bloqueios, somente um trecho da rodovia PR-182, entre Cascavel e Realeza, continuava interditado por volta das 22 horas desta terça-feira. O trânsito foi fechado parcialmente na região do quilômetro 460, somente veículos de carga eram liberados pelos manifestantes. O bloqueio no local foi iniciado nesta terça-feira, às 8h30.
Este é o segundo dia de manifestações da categoria pelo país. Na segunda-feira (1º), houve uma série de protestos que travaram 21 rodovias em nove estados. As paralisações provocaram bloqueios parciais ou totais durante mais de 11 horas em trechos de rodovias, mesmo após o governo ter obtido, na Justiça Federal, uma liminar proibindo interrupções do tráfego.
Os manifestantes pedem que seja instalada uma CPI do Pedágio. Eles reclamam que a proposta de investigação das concessões de pedágio do Paraná foi arquivada na Assembleia Legislativa do Paraná em 17 de junho deste ano e querem que o preço da tarifa seja diminuído. "Ninguém consegue mexer nessa caixa preta. Daqui a pouco ninguém vai poder viajar por causa do preço do pedágio", reclama Cavalheiro.
Segundo o presidente do Sindicam Londrina, Carlos Roberto Dellarosa, a principal reclamação da categoria é o alto preço cobrado pelas concessionárias de pedágio no Paraná. Nas praças administradas pela Empresa Concessionária de Rodovias do Norte S. A. (Econorte), por exemplo, um caminhão pode pagar até R$ 65,40 por pedágio. "Onde está a duplicação dessas rodovias? Há quanto tempo essas estradas estão pedagiadas e até agora nem sinal da duplicação. Nós pagamos o pedágio mais caro do Brasil para nada, não tem nenhuma melhoria nas nossas estradas", reclamou Dellarosa.
Estudos feitos pelo Movimento Por Amor a Londrina mostram que um caminhoneiro pode gastar mais de R$ 1,5 mil apenas em pedágios no trecho entre Foz do Iguaçu e Paranaguá. O advogado Jorge Custódio, membro do movimento, vai coletar assinaturas para o abaixo assinado que pede o fim do pedágio. O documento, que já tem mais de 9 mil adesões, foi criado pelo grupo no início deste ano, e deve ser entregue ao governador Beto Richa (PSDB).
Segundo Custódio, o preço cobrado pelas concessionárias no estado é considerado abusivo. "Aqui na nossa região temos um dos trechos com pedágio proporcionalmente mais caros do mundo. Quem sai de Londrina em direção a São Paulo paga pedágio em Jataizinho e Cambará. São pouco mais de 100 quilômetros de distância e mais de R$ 130 em pedágio", detalhou.
Dellarosa também demonstrou preocupação com as tarifas cobradas pelas empresas de pedágio. Nas contas do presidente do sindicato, quase dois terços dos ganhos dos caminhoneiros ficam nas cabines de cobrança. "O valor do frete já não está dos melhores. Com esses valores de pedágio, tem colegas nossos que gastam 60% do que ganham só para poderem rodar pelas rodovias. Se somar mais o valor do diesel, são mais 10% do frete. E o caminhoneiro, vai sobreviver só com 30% do que ganha? É um absurdo".Rodovias em outros oito estados tiveram bloqueios
Protestos de caminhoneiros bloquearam rodovias em pelo menos oito estados além do Paraná: Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso.
Em São Paulo, a Tropa de Choque liberou, após mais de 24 horas de protesto, a rodovia Cônego Domênico Rangoni, que dá acesso ao porto de Santos. Bahia
Na Bahia, duas rodovias federais foram fechadas pelos manifestantes. A BR-242 foi interditada no km 805, em Barreiras, e no km 880, em Luís Eduardo Magalhães. Outros dois bloqueios ocorreram nos quilômetros 900 e 910,5 da rodovia BR-116, próximo à cidade de Cândido Sales. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), neste trecho os manifestantes retiveram eventualmente também carros e ônibus.
Espírito Santo
Quatro trechos foram bloqueados por caminhoneiros. Às 11h de hoje, manifestantes fecharam o km 294 da BR-101, em Cariacica. Os outros pontos, fechados desde segunda-feira, são o km 9,5 da BR-262, próximo à cidade de Viana, e os km 374 da BR-101, em Iconha, e o km 392 da mesma rodovia, na cidade de Rio Novo do Sul.
Mato Grosso
Três rodovias foram parcialmente bloqueadas por caminhoneiros que pedem combustível mais barato e desconto em pedágios.
Segundo a PRF, os manifestantes ocuparam trechos das BRs 364, 070 e 163, todos no entorno do trevo do lagarto, na saída de Cuiabá, e também montaram um bloqueio no km 398 da BR-364, perto de Rondonópolis. Nesses quatro pontos, os manifestantes têm liberado a passagem de carros de passeio e de segurança, e caminhões com cargas vivas.
A manifestação começou às 7h de ontem e deve seguir até quinta-feira, segundo a PRF.
Minas Gerais
Em um novo dia de protestos de caminhoneiros, Minas Gerais amanheceu com bloqueios em nove pontos de três importantes rodovias federais que cortam o Estado. O primeiro efeito para a população foi a retenção dos jornais que saem de São Paulo e Rio e que não chegaram a Belo Horizonte.
No trecho BH-Rio da BR-040, houve três pontos de bloqueio, um no trevo de Ouro Preto e outro em Congonhas, onde apenas caminhões são impedidos de seguir, e em Matias Barbosa, onde as duas pistas foram totalmente bloqueadas.
Na Fernão Dias, há bloqueios em quatro pontos do trecho mineiro: em Igarapé, Carmópolis, Oliveira e Santo Antônio do Amparo. Apenas carros e ônibus passam. Todos os caminhões são retidos. No trecho norte da BR-381 (que liga BH a Governador Valadares), há protestos de caminhoneiros em Antônio Dias e Jaguaraçu. Nesses dois pontos, segundo a Polícia Rodoviária Federal, a pista está totalmente interditada pelos caminhoneiros, que queimam pneus e galhos.
Rio de Janeiro
Cerca de 250 caminhoneiros protestaram na rodovia BR-101 (Niterói-Manilha), informou a assessoria do Movimento União Brasil Caminhoneiro, que integra a manifestação nacional marcada para hoje.
O movimento informa que apoia as manifestações populares que estão ocorrendo em todo o país, muitas delas por problemas relativos ao transporte, e reivindicam também subsídio ao preço do óleo diesel; isenção para caminhões no pagamento de pedágios em todas as rodovias do país; criação da secretaria do Transporte Rodoviário de Carga, vinculada diretamente à presidência da República; votação e sanção imediata ao projeto de lei 12619/12 (Lei do Motorista), entre outras reivindicações.
Segundo a entidade, a orientação é para que ocorresse uma manifestação pacífica, com os caminhoneiros apenas estacionando nos acostamentos e permitindo o fluxo normal das vias. Rio Grande do Sul
Foram pelo menos cinco pontos de bloqueios por caminhoneiros hoje, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal. A BR-101, principal ligação do Estado com o resto do país, foi fechada em um ponto próximo à divisa com Santa Catarina.
A BR-392, no sul do Estado, ficou bloqueada em dois locais: no acesso à cidade de Canguçu e entre Pelotas e Rio Grande. Também houve protestos no noroeste gaúcho, na BR-472, e na BR-116, no município de Capão do Leão. Segundo os policiais rodoviários, os manifestantes permitiram a passagem apenas de carros e ônibus.
Rondônia
Os protestos em Rondônia começaram às 8h de hoje e fecharam a BR-364 em dois pontos: no km 5, no acesso a Cuiabá, e no km 16, no acesso a Porto Velho.
Os manifestantes estacionaram carretas sobre as pistas. Ônibus e carros pequenos passam pelo acostamento, segundo a PRF. A corporação informou que não foram registrados incidentes e que está com quatro equipes monitorando a manifestação.
Santa Catarina
Em Santa Catarina, os protestos dos caminhoneiros se concentram na BR-282, em Maravilha e São Miguel do Oeste, na BR-158, perto de Palmitos, e na BR-153, na altura de Concórdia. Todos começaram ontem.
Segundo a PRF, os manifestantes não bloquearam as rodovias, mas impediram que caminhoneiros prosseguissem a viagem. Carros e ônibus tiveram a passagem liberada.
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