Falar sobre câncer é uma tarefa difícil. E é ainda mais complicado abordar a manifestação da doença na região intestinal. Para tornar a temática mais amena, a Associação Brasileira de Prevenção ao Câncer de Intestino (Abrapreci) e a Sociedade Brasileira de Coloproctologia vão promover mais uma edição de uma exposição do intestino gigante, uma estrutura inflável de 20 metros de comprimento com exibições de vídeos explicativos sobre o problema.
A ação, que é realizada desde 2004, chegará nesta sexta-feira (25) à marquise do Parque do Ibirapuera, na zona sul, e a visitação será encerrada no domingo (27).
Na estrutura, os visitantes poderão visualizar reproduções de lesões como os pólipos, tumores que dão início à doença, também chamada de câncer colorretal. Informações sobre prevenção também serão passadas. A exposição estará aberta das 9 horas às 17h30.
A falta de informação e o preconceito ainda são os maiores inimigos do diagnóstico precoce da doença. “Ainda se fala muito pouco sobre o câncer de intestino. Ele começa como um pólipo, que é benigno e demora dez anos para virar um câncer, mas muitas pessoas não sabem o que é a colonoscopia”, explica Angelita Gama, presidente da Abrapreci.
A colonoscopia é o exame realizado para verificar a presença de lesões no intestino grosso e no reto por meio da introdução, pelo ânus, de um tubo. O paciente é sedado para realizar o procedimento.
Segundo dados do ano passado do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer colorretal é o terceiro mais frequente entre os homens e, entre as mulheres, é o segundo no País. A estimativa de novos casos por ano é de 32 mil.
Também com o apoio da Abrapreci, terá início nesta terça-feira (22) uma campanha de conscientização batizada como Movimento #vaipormim, que terá como foco a interação entre pessoas que tiveram casos de câncer de intestino na família e usuários da internet.
Na ação, os internautas poderão ver um vídeo com depoimentos desses familiares e gravar uma mensagem, também em vídeo, para que pessoas de seu convívio busquem fazer o diagnóstico precoce.
O administrador de empresas Alceu Alcântara, de 68 anos, foi diagnosticado com a doença em 1994. Na época, médicos chegaram a dizer que ele não sobreviveria, mas ele conseguiu se curar.
“Se eu tivesse feito o exame antes, o impacto e o sofrimento para mim e para a minha família seriam menores. Eu sentia um incômodo no ânus e chegou a sangrar. Sentia dor e cansaço”, relembra. Era o câncer.
A doença atingiu o fígado, mas, após o tratamento, realizado com quimioterapia, radioterapia e cirurgia, ele se recuperou. Isso mudou o comportamento do filho dele, o publicitário Raphael Alcântara, de 36 anos, em relação à saúde. Apesar da idade, ele já fez o exame duas vezes.
“Os médicos disseram que meu pai morreria em três meses. Isso é uma violência. Quando uma pessoa fica doente, ela não fica sozinha. A família inteira adoece. Por isso que a mensagem da campanha é: se você não vai fazer o exame por você, vai por mim”, diz o publicitário, que participou da campanha.