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Carrinhos elétricos de catadores de Curitiba estão parados nos barracões

Conserto custa R$ 800, mas catadores ganham no máximo R$ 1,2 mil ao mês. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Conserto custa R$ 800, mas catadores ganham no máximo R$ 1,2 mil ao mês. (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

Uma iniciativa que poderia amenizar a dura jornada dos catadores de material reciclável de Curitiba está parada nos barracões das cooperativas. No fim de 2012, na gestão Luciano Ducci, a prefeitura entregou 108 carrinhos elétricos para os trabalhadores cadastrados no Ecocidadão, programa que organiza a formalização dos catadores em associações. Quase três anos depois, carrinheiros dizem que há veículos encostados há oito meses, por falta de dinheiro para o conserto. Além da ausência de manutenção, não há planos de expansão do projeto – embora a proposta inicial fosse repassar 504 carrinhos elétricos aos associados até o fim de 2013.

A discussão sobre os veículos elétricos ressurgiu após a Câmara Municipal de Curitiba aprovar por unanimidade, no fim de setembro, projeto de lei que proíbe o trânsito na cidade de veículos puxados por animais, o que inclui os pesados carrinhos de catadores de papel, metal e outros materiais reaproveitáveis. Para críticos da proposta, a lei beneficia os animais, mas prejudica os trabalhadores, uma vez que o mesmo serviço antes feito pelos cavalos terá de ser realizado por humanos. Comprados por R$ 8 mil cada um, os carrinhos elétricos poderiam funcionar como uma alternativa. A promessa era melhorar as condições de trabalho e a renda dos catadores, que conseguiriam levar mais material do que nos veículos manuais.

Na opinião da maior parte dos catadores ouvidos pela reportagem, há falhas no projeto, apesar de os veículos elétricos ajudarem bastante os trabalhadores. Paulo Roberto de Oliveira tem 29 anos e há 12 trabalha com materiais recicláveis. Segundo ele, o carrinho elétrico diminui em 30% o tempo de deslocamento. “Com o elétrico a pessoa está no céu”, afirma ele, que preside a Associação Terra Santa, com 48 associados.

“O carrinho em si é ótimo, mas só há duas oficinas que fazem o conserto, que chega a custar R$ 800 por carrinho. O catador ganha de R$ 900 a R$ 1,2 mil por mês, como vai pagar a manutenção?”, questiona Sandra Mara Leão, presidente da Associação Projeto Mutirão, que reúne 58 trabalhadores e tem 20 carrinhos. Seis deles estão parados, alguns há seis meses. No barracão da cooperativa Amar Ebenezer há veículos sem uso há oito meses. A catadora Ivone Camargo, de 43 anos, conta que as rodas do carrinho não aguentam muito peso. “Estávamos carregando 300 quilos, mas as rodas quebraram. Por isso diminuímos para 200”, afirma.

A prefeitura diz que cada carrinho consegue levar 400 quilos. Mas, de acordo com Lia Santos, que trabalha com a coleta de recicláveis há 30 anos, os veículos carregam metade desse peso. “Eu achei o carrinho muito fraco e estreito. Só usei umas três vezes. Na primeira consegui trazer 200 quilos e ainda assim ele quebrou”, diz. “Sei que a intenção foi boa, mas a prefeitura não pediu a nossa opinião. E quem puxa os carrinhos somos nós”, afirma Lia, que preside a cooperativa Catamare.

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