Carroceiros que atuam em Curitiba deverão passar por um cadastramento nos próximos dois anos. A iniciativa envolve as secretarias municipais de Saúde e Meio Ambiente e o curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que com isso devem identificar todos os trabalhadores que coletam lixo reciclável com o uso de cavalos. A intenção é criar um cadastro único dos donos e também dos animais, tanto para traçar o perfil dos trabalhadores como para controlar o abandono e os maus tratos sofridos pelos animais.

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"A questão do carroceiro em Curitiba é que ninguém sabe quem são, onde moram e quantos são. Desse jeito, não conseguimos direcionar nenhum tipo de ação para eles", explica o professor da UFPR Peterson Triches Dornbusch, que atua no projeto.

Além disso, a parceria também vai permitir unificar o cadastramento de cavalos abandonados, criando um cadastro único para adoção. Para isso, a partir de agora, todos os equinos recolhidos pelo Centro de Zoonoses de Curitiba receberão um microchip, que carregará as suas informações. Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), o recurso inicial para a michrochipagem é de R$ 250 mil.

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Atualmente, apenas a Prefeitura tem poder legal de recolher os cavalos abandonados pelas ruas da capital. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, desde janeiro, o Centro de Zoonoses recebeu 329 denúncias de cavalos abandonados em Curitiba. Destes, 79 foram apreendidos por estarem abandonados em vias públicas. Nestes casos, os animais são levados ao centro e tratados. Se num período de dez dias ninguém se identificar como responsável, ele segue para doação.

Segundo Alexander Biondo, diretor do Departamento de Pesquisa e Conservação de Fauna da SMMA, não existe nenhuma exigência para a adoção do cavalo. A única orientação é de que o animal seja mantido em áreas grandes, como pastagens e chácaras. Mesmo sem determinações, conforme o diretor, a grande maioria das pessoas que procuram os cavalos para adoção não utilizam o animal para fins de trabalho. "São raríssimos os casos de animal que vem para adoção e volta para a rua. Quem adota tem outro perfil", afirma Biondo.

Com o microchip, os maus tratos também serão controlados. Hoje, sem a identificação do cavalo, quando o dono vai até a Prefeitura para recuperá-lo, recebe uma notificação pelo abandono e pelos possíveis danos causados ao animal. Agora, a volta do animal ao centro poderá implicar até mesmo na retirada do animal desse proprietário. "A gente entende que algumas pessoas são realmente humildes e precisam desse cavalo para trabalhar, mas se os maus tratos continuarem o cavalo já vai para adoção", explica o diretor.