O dia seguinte à eclosão da suspeita do primeiro caso de ebola no Brasil foi marcado pelo receio, em Cascavel. A Unidade de Pronto Atendimento II, onde Souleymane Bah foi atendido, reabriu às 13 horas de ontem. Mas, ao contrário da lotação costumeira, apenas meia dúzia de pessoas esperava tratamento. Os vizinhos, ainda ressabiados, tentavam assimilar a movimentação do dia anterior.
"Medo dá, mas a gente precisava de atendimento. Acabei arriscando. Pelo menos hoje deve ser rápido", disse a auxiliar de cozinha Marli Alves Batista, que buscava socorro para o filho de 16 anos.
Na noite anterior, quando a suspeita veio à tona, 24 pacientes que estavam na unidade foram impedidos de sair. Segundo vizinhos, a polícia foi acionada, porque parentes queriam retirá-los à força, causando tumulto. Hoje, já refeito da tensão, Antonio Siqueira dos Santos, que mora em frente à UPA-II, só teve coragem de sair de casa depois que o posto reabriu. "A gente fica apreensivo. Se precisasse de atendimento, eu ia procurar em outro lugar. A gente nunca sabe", afirmou.
No restaurante em frente à UPA-II, apenas duas das doze mesas estavam ocupadas. Segundo o dono do estabelecimento, Rosalino Rosin, cerca de 200 clientes por dia fazem suas refeições ali. Ontem, o número de atendimentos no restaurante não chegou a 40 pessoas. Os salgados também encalharam na estufa. "Normalmente, ferve de gente. Toda essa situação criou um pânico", disse.
Nos arredores do albergue da Sociedade Espírita Irmandade de Jesus, os moradores ficaram espantados quando souberam que o guineano que pode estar infectado com o vírus do ebola vivia tão próximo.
Desinfecção
A UPA-II e a ambulância que conduziu Bah ao aeroporto foram desinfectados na manhã de ontem. Funcionários que usavam trajes específicos de isolamento lavaram todos os compartimentos com água e sabão e, em seguida, aplicaram ácido peracético. As roupas dos pacientes que estavam na unidade quando o guineano foi atendido foram retidas. As peças serão esterelizadas por uma empresa contratada pela prefeitura. "Feito este procedimento, já não há mais risco", disse a coordenadora do Samu, Jéssica Adriane Zielinksi.
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