Médicos temem pneumonia química
Os médicos Rodrigo Schurt e Alexandro Ziliotto, da US Moradias da Ordem, informaram à reportagem que não receberam nenhuma informação sobre o tipo de material que está queimando no depósito. Eles disseram que nesse exato momento não é tão importante saber, já que todos os atendimentos seguem um procedimento-padrão. Mas a partir de amanhã, segundo eles, esse dado será necessário para o melhor tratamento dos atingidos pela fumaça.
Uma fuligem preta começou a se acumular nas casas e poças de água da região. Os médicos alertam que a inalação deste material é perigoso e eles acreditam que pessoas vão comparecer nas unidades de saúde a partir desta quarta com sintomas de pneumonia química. Ambos alertam que os moradores da região que têm as casas afetadas pela fumaça e que insistem em ficar nas residências têm mais chance de desenvolver o problema.
O incêndio que destruiu totalmente o depósito da fabricante de eletrodomésticos Electrolux nesta terça-feira (17), na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), afetou cerca de 30 mil pessoas, segundo estimativa da Defesa Civil. Entre elas estão moradores, trabalhadores e alunos de escolas da região. Segundo o Corpo de Bombeiros, quem frequenta regiões que ficam dentro de um raio de três quilômetros do local do incêndio deve se afastar para não inalar a a fumaça tóxica que foi dispersada pelo vento e contribuiu para o aumento do número de afetados.
Até o final da tarde desta terça-feira (17), quarenta e seis bombeiros continuavam no local trabalhando para conter as chamas, que só devem ser extintas totalmente na quarta-feira (18). Ainda não há previsão de quando será seguro para os moradores retornarem às suas casas, já que o vento instável não ajuda a dissipar a fumaça. Segundo a Tenente Tamires, dos Bombeiros, se voltar a chover na quarta-feira (18), pode ser que a situação melhore. De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, no entanto, não há previsão de chuva até o fim desta semana.
Veja fotos do incêndio no barracão
Confira o perímetro que deve ser isolado
Das 30 mil pessoas afetadas, apenas 42 haviam se dirigido ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Santa Rita até as 18h, de onde saíram ônibus que as levariam a dois abrigos. "Muitos moradores não querem sair de suas casas, mas, caso alguém mude de ideia, a Defesa Civil estará de prontidão para conduzi-los aos abrigos", informou o inspetor João Batista dos Santos, coordenador técnico da Defesa Civil. A assessoria de imprensa da Polícia Militar (PM) garantiu que, para manter a segurança das casas e evitar supostos saques, há reforço do policiamento na região.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) reforça a orientação dos Bombeiros para que os moradores deixem suas residências temporariamente, considerando que os sintomas da inalação da fumaça tóxica podem durar até uma semana depois que ela for aspirada. Desde a manhã desta terça, 109 pessoas foram atendidas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e nas Unidades de Saúde (US) do Pinheirinho. A US Moradias da Ordem, no bairro Tatuquara, foi fechada por determinação da Defesa Civil para não expor os funcionários à fumaça tóxica. Os hospitais do Trabalhador, do Idoso e Evangélico estão prontos para oferecer atendimento a quem necessitar.
O incêndio
O fogo começou por volta das 4h da madrugada desta terça e começou bem no meio do barracão de 40 mil metros quadrados que era usado para o depósito de refrigeradores, segundo o major Edson Manassés, coordenador do trabalho de combate ao incêndio. Oitenta funcionários trabalhavam no local quando o fogo começou, mas todos conseguiram sair sem ferimentos.
A equipe de 12 brigadistas da empresa Electrolux tentou conter as chamas no início e oito deles foram encaminhados para serem examinados no Hospital Santa Cruz. Desses, cinco precisaram de atendimento especial por causa da quantidade de fumaça inalada.
Ainda não se sabe o que causou o incêndio, mas as causas devem começar a ser investigadas assim que as chamas forem totalmente contidas.
Resposta da empresa
Procurada pela reportagem, a Electrolux informou que trabalha em conjunto com a Defesa Civil e os Bombeiros para conter a situação e minimizar os impactos na região. A empresa informa que "está disponibilizando unidades de saúde e assistência social".
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