Os moradores da Vila das Torres, em Curitiba, não comemoraram o réveillon. A chacina ocorrida na tarde do dia 31, no estacionamento de um hipermercado, fez com que a comunidade se recolhesse. Os mortos foram identificados como integrantes da Turma de Cima, um dos grupos que disputam o tráfico no local. Ontem, acuados pelo impacto das mortes, poucos moradores se arriscaram a sair de casa.
"No réveillon, não se ouviu um rojão. Ninguém foi à rua. O cidadão está com o coração espremido. Ninguém sai de casa, porque a gente pode ganhar uma bala perdida", disse um morador,
Enquanto os moradores se fecham, ecoam relatos de que o tráfico tenta mostrar força. Grupos de jovens armados têm sido vistos perambulando pelas ruas da vila. "Está tenso. Hoje [ontem] foi um desfile de rapazes armados, que eram do grupo dos caras que morreram. A gente tem medo de uma nova guerra", conta outro morador.
A comunidade, no entanto, sabe de cor os elementos que fazem a roda da violência ceifar vidas na vila: a falta de investimentos em estrutura, principalmente em educação e vagas em creches. "A gente precisa de um investimento maciço, entendendo que segurança não é só polícia, mas é infraestrutura com foco na criança", aponta o líder comunitário Marcos Eriberto dos Santos.
Segundos os moradores, as vítimas da chacina haviam ido ao hipermercado para comprar itens para festejar a saída da prisão de Alan Fábio dos Santos, que seria um dos líderes da Turma de Cima. Ele foi beneficiado por uma portaria, para passar o fim de ano com familiares. "Eles [as vítimas] tinham roubado um açougue e um caminhão de rojões, para fazer a festa", comenta um morador.
Ontem, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) divulgou que trabalha com duas hipóteses para a motivação do crime: disputa de gangues ou cobrança por dívida de drogas. Por enquanto, foram confirmadas as mortes de cinco homens. Um rapaz do bairro que morreu depois de ter sido levado por terceiros ao Hospital Cajuru pode ser a sexta vítima da chacina.
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