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Manifestação em Curitiba contra a cultura do estupro. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Manifestação em Curitiba contra a cultura do estupro.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

“Eu me sinto um lixo. Não queria que outra pessoa se sentisse assim”, disse, em entrevista ao jornal O Globo, a adolescente de 16 anos vítima de estupro coletivo em uma comunidade de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. Ela reconstituiu o crime. “Fui a um baile. [Depois] Fui ao encontro do meu ex na casa dele e dormi. Quando acordei, acordei em outra casa. A luz estava acesa e havia um montão de gente em cima de mim.”

Questionada, disse ter sido violentada “em todos os lugares em que você possa imaginar... [com] objetos também”. A adolescente disse ter sido violentada por 33 homens. “Tem outro vídeo, só dos objetos... eu chorei e fiquei batendo neles”. Ao resistir, foi xingada de “safada”, “piranha” e “rata”, disse na entrevista, dada na sexta-feira (27).

A adolescente afirmou ainda que casos assim não são “culpa da mulher”. “Não tem como você culpar a vitima pelo roubo”, exemplificou.

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O caso

A investigação teve início após um vídeo da jovem, nua e desacordada, ser postado em redes sociais na terça (24). Na gravação, um grupo de homens, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por “mais de 30”.

Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar, além da conjunção carnal, atos libidinosos como crime de estupro.

A Polícia Civil no Rio ainda não chegou à conclusão de que houve o estupro, mesmo após a vítima e outros três envolvidos no caso prestarem depoimento nesta sexta-feira, na DRCI (Delegacia de Repressão a Crimes de Informática).

“A gente está investigando se houve consentimento dela, se ela estava dopada e se realmente os fatos aconteceram. A polícia não pode ser leviana de comprar a ideia de estupro coletivo quando na verdade a gente não sabe ainda”, disse Alessandro Thiers, delegado titular da DRCI.

Foram ouvidos, nesta sexta (27), Raí Souza, 18, que segundo o delegado seria o dono do celular no qual foi feita a gravação da vítima nua, o jogador Lucas Perdomo, 20, apontado como namorado da vítima, e uma jovem que estaria com os três na noite do fato.

Outras três pessoas, que seriam peças-chave do ocorrido, foram identificadas e serão chamadas para depor na próxima semana.

Raí admitiu ter tido relações sexuais com a menina, mas negou o estupro. Ele afirmou também que estava no local no momento da gravação, que teria sido feita por um traficante da área, conforme explicou o delegado.

Apontado como namorado da vítima, Lucas Perdomo disse que estava com outra menina, na mesma casa, na noite em que os fatos ocorreram e também negou que tenha acontecido um estupro. “A polícia só vai pedir algum tipo de prisão se for comprovada a existência do crime e se houver necessidade”, afirmou o delegado.

Exposição

Embora considere que ainda não é possível provar que houve estupro, o delegado afirma que ocorreu o crime de exposição de cena pornográfica da adolescente, cuja a pena vai de 3 a 6 anos de prisão, previsto no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).

“O fato de a pessoa ter divulgado configura [o artigo] 241 do ECA [publicar ou divulgar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo crianças ou adolescentes], já está comprovado.”

Ele, porém, afirma que não é possível saber quem foi o autor da distribuição do vídeo. Raí Souza, que seria o dono do celular, afirmou em depoimento que não foi ele quem gravou e publicou o vídeo nas redes sociais.

Segundo o delegado, os depoentes classificaram o local como um “abatedouro”. “Estivemos na casa. O local é conhecido como abatedouro. Seria um local para onde levariam meninas para ter relações sexuais.”

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