O semanal satírico francês “Charlie Hebdo” publicou uma história em quadrinhos sobre a maior crise hídrica de São Paulo. O cartum faz uma crítica à política do governador Geraldo Alckmin (PSDB) que, segundo o cartunista, deixa o cidadão que mora em favela mais tempo sem água do que aquele que mora em bairros de classe média.
O quadrinho, publicado na edição do jornal da semana passada, foi produzido pelo cartunista Laurent Sourisseau, o Riss, um dos sobreviventes do atentado ao “Charlie Hebdo”. Ele levou um tiro no ombro durante a ação de terroristas islâmicos que entraram atirando na redação do jornal e mataram 16 pessoas, em janeiro deste ano.
Na história, o cartunista começa por destacar que São Paulo é uma cidades mais populosas do Brasil e que há meses os moradores enfrentam uma escassez de água sem precedentes. Ele cita que houve, em 2013 e 2014, grandes secas e que os reservatórios estão com os índices bem baixo.
O cartunista também explica a política adotada pela Sabesp para contornar a escassez de água. “Todos os dias a Sabesp reduz a pressão da água. De 8 a 10 horas, a água é cortada”. “Nos bairros de classe média, os cortes de água são medidos em horas. Mas, nas favelas, os cortes são medidos em dias”, critica o cartunista.
“Para os indivíduos, descontos quando eles consomem menos. Para a indústria e a agricultura, que são as maiores consumidoras, quanto mais elas consomem, menos elas pagam”, complementa.
Por causa da crise da água, a Sabesp adotou no ano passado a redução de pressão da rede de abastecimento, causando falta de água nas casas. A empresa diz que o objetivo é evitar perdas na rede e garantir mais economia.
O número de reclamações recebidas pela Sabesp de clientes da capital que sofrem com a falta de água, contudo, cresceu 62,5% no primeiro semestre em São Paulo em comparação com o primeiro semestre de 2014. Os dados foram obtidos pelo site “Fiquem Sabendo” por meio da Lei de Acesso à Informação.
O cartunista também destaca que São Paulo é cortada por vários rios que foram concretados e que se tornaram esgoto a céu aberto, deixando um rastro de fedor pela cidade.
“Há um projeto em andamento que pretende ligar esses rios aos reservatórios para ampliar os volumes de água. O governador do Estado, que gere a água, responde a todas as contestações dizendo que ou é dessa forma ou não haverá mais água. Todos as leis ambientais foram suspensas para a realização de procedimentos urgentes”.
O cartunista diz que ainda não é um “Mad Max”, filme que narra a falta de água potável, mas corre-se o risco de que isso acontece um dia. Além disso, ele lembra que os políticos de esquerda no país estão envolvidos no escândalo da Petrobras, e que a “gestão deplorável da água pela oposição em São Paulo permite fazer um pouco de diversão. Mas que o problema é bem real”.
Ele encerra a história dizendo que a “Sabesp não fez os investimentos necessários para contar a crise da água”, mas que “ela já tem ações na Bolsa de Valores de Nova York (EUA).
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