Ponta Grossa - As constantes chuvas registradas em todo o Paraná estão atrasando as entregas do programa de Compra Direta da Agricultura Familiar, dos governos estadual e federal. Como os produtos vão direto para a merenda de escolas municipais e estaduais além de asilos, hospitais, creches e assistência social , muitas crianças estão se alimentando com uma refeição menos nutritiva nas últimas semanas. As escolas e creches representam 65% do destino das hortaliças, grãos, raízes e legumes ecológicos que chegam diretamente do campo. As intempéries fizeram diminuir a quantidade e também a qualidade dos produtos, além de deixar as estradas quase intransitáveis.
A situação ocorre porque muitos dos pequenos produtores rurais cadastrados para realizar as vendas estão enfrentando dificuldades para cumprir as cotas estabelecidas em contratos com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e com a Secretaria de Trabalho e Promoção Social (Setep), devido ao excesso de chuvas e às más condições das estradas rurais. No Paraná estão em andamento 353 projetos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), envolvendo 9,5 mil produtores e 3,3 mil entidades beneficiadas em cerca de 250 municípios. O investimento é de R$ 27 milhões, sendo R$ 12 milhões da Conab e outros R$ 15 milhões da Setep, entre 2008 e 2009. Os programas são complementares entre si.
No entanto, o tempo está atrapalhando os produtores, que têm um ano para plantar, colher e entregar. "Até 30 de agosto foram executados 50% do nosso programa. Os projetos estão um pouco atrasados e sabemos que em alguns casos teremos de conceder novos prazos, porque as entregas não devem terminar", avalia o superintendente da Conab no estado, Lafaete Jacomel. O programa deveria encerrar em dezembro.
A situação se reflete na outra ponta, a dos beneficiários, caso da escola municipal Padre Ladislau Maybuk, em Teixeira Soares. "A gente sente bastante a falta porque já estávamos acostumadas. Os alimentos fazem diferença na alimentação das crianças. Temos de procurar alternativas, como providenciar uma horta na escola, para quebrar um galho", lamenta a diretora Roselaine Colmer. "Semana passada não veio e nesta semana veio pouco", completa. Sem o suplemento, resta apenas a refeição da cesta básica. Para a coordenadora do Programa de Aquisição de Alimentos na cidade, Célia Gomes, "em seis anos com o PAA, percebemos a recuperação nutricional das crianças. O atraso na entrega atrapalha porque existe um corte nessa sequência", aponta.
Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Alimentação Escolar, Márcia Cristina Stolarski, as crianças não ficam sem merenda. O estado mantém o programa Escola Cidadã, no qual as diretorias recebem dinheiro do governo para compra dos produtos no mercado local. Ela salienta que o estado garante 20% da necessidade nutricional dos estudantes.