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Leia no Blog Vida e Cidadania os relatos dos repórteres Bruna Maestri Walter e Jonathan Campos, enviados da Gazeta do Povo ao Nordeste
Caixa e BB colocam contas à disposição de quem quiser ajudar população do Nordeste
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão da Presidência da República, divulgou, há pouco, o número de contas bancárias abertas pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, destinadas a receber doações para a população atingida pelas chuvas nos estados nordestinos de Pernambuco e Alagoas.
Donativos para vítimas das chuvas podem ser entregues em Correios
Doações para desabrigados pelas enchentes em Alagoas podem ser feitas em agências dos Correios em todo o Brasil. Alimentos não perecíveis, roupas, toalhas, lençóis, calçados, tendas e barracas podem ser enviados para as vítimas.
Pernambuco divulga balanço de doações
Como parte da ajuda aos atingidos pelas chuvas dos últimos dias, Pernambuco recebeu até este domingo (27) 128 toneladas de roupas, 10,9 mil colchões, 8,2 mil toalhas, 10,1 mil cobertores, 8,3 mil lençóis, 7,99 mil travesseiros, 3,3 mil fronhas, 3,8 mil mosquiteiros, 19 4 mil cestas básicas, 171,5 toneladas de água e 178,5 toneladas de alimentos, segundo o governo do Estado.
A primeira ajuda internacional chegou neste domingo (27), da Venezuela. Um avião das Forças Armadas venezuelana chegou na Base Aérea do Recife com quase 12 toneladas de donativos, entre colchonetes, mantas, fraldas, alimentos e roupas.
Voltou a chover no Sul de Pernambuco e o nível do Rio Mundaú voltou a subir, preocupando a população dos municípios inundados pela tromba d'água em Alagoas. Em Santana do Mundaú parte das obras emergenciais realizadas pelo Exército na cidade, como a reconstrução da cabeceira de algumas pontes, já correm o risco de ceder.
Em São José da Laje, o Rio Canhoto, que faz parte da Bacia do Mundaú, voltou a transbordar e o major Sérgio Ricardo Barbosa, responsável pelo atendimento aos moradores, voltou a retirar pessoas que ainda permaneciam em áreas de risco. Cerca de 300 começaram a ser levadas neste domingo (27) para escolas e para o ginásio de esportes da cidade. A previsão é de mais chuva até a manhã desta segunda-feira.
Durante toda a tarde de domingo, a Defesa Civil passou a pedir em alto-falantes que a população das áreas de risco volte a sair de suas casas. Muita gente resiste e não quer retornar aos abrigos. No fim da tarde, o Exército começou a bater de porta em porta para retirar as famílias. A praça principal da cidade, onde pela manhã a feira chegou a funcionar pela primeira vez depois da enchente, foi novamente tomada pelas águas.
"Está chovendo forte e a situação do rio é preocupante. Temos ainda comunidades isoladas, pois quatro pontes caíram. Ontem, usamos helicóptero da Força Aérea para levar cestas básicas no povoado de Caruru", disse Barbosa.
Em São José da Laje, 1.500 pessoas continuam totalmente isoladas em áreas rurais, onde o acesso só é possível via aérea. Na comunidade de Caruru vivem aproximadamente 400 pessoas, que agora dependem da chegada de helicópteros com mantimentos para não passar fome. Em meio ao novo alerta, o prefeito da cidade, Márcio Lira, ainda apelava para que a rotina comece a voltar ao normal.
"Nosso objetivo é tentar fazer voltar à normalidade, estamos icentivando o comércio a ficar aberto e retomamos as atividades do matadouro municipal, que agora vai abrir todos os dias para atender a demanda de cidades vizinhas, principalmente União dos Palmares", disse o prefeito, lembrando que a energia elétrica voltou a ser fornecida na noite de sábado e os bancos já podem abrir.
O novo alerta deste domingo atingiu todas as cidades da região. O tenente Osmar Brandão, que está em União dos Palmares, disse que a previsão não é de uma nova tromba d'água como a primeira, mas que a população tem de ficar alerta para não ser pega novamente de surpresa.
"O rio já está bem alto. Temos aqui uma ponte que foi destruída e parte dela já estava sem água. Agora, ela voltou a ficar coberta", conta Brandão, que passou a tarde distribuindo cestas básicas e ainda voltaria à beira do rio para verificar o nível.
Brandão diz que o centro da cidade não foi atingido, o que torna a situação melhor do que em municípios como Branquinha ou Santana do Mundaú, onde a maioria dos imóveis foi abaixo.
A equipe de Brandão foi a primeira a chegar em União dos Palmares, que contabiliza 11 mortos até agora e ainda tem 28 desaparecidos. Mais de duas mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas na cidade.
"Já temos comida. A maior dificuldade agora é obter cobertor e colchões. As pessoas perderam tudo. Os primeiros que chegaram estamos entregando a idosos, crianças e mulheres grávidas. O restante, improvisa", diz Brandão sobre as condições dos abrigos públicos.
O coronel Paulo Roberto Marques, que coordena no município de Murici a distribuição dos donativos para moradors de Branquinha e Santana do Mundaú, que não têm sequer onde guardar as mercadorias, disse que barragens em Pernambuco voltaram a encher.
"Aqui em Murici fizemos um alerta para o bairro de Floresta. As pessoas tinham começado a retornar às casas que não caíram. Agora, acabei de mandar uma equipe para lá de novo. São cerca de 150 famílias e elas têm de voltar aos abrigos", explicou.
O coronel diz que as famílias ainda estão totalmente misturadas nos abrigos e a situação continua muito difícil.
"Estamos ainda na primeira fase da assistência, de alimentar as pessoas. Se a chuva parasse, poderíamos começar a fazer divisórias nos abrigos para separar as famílias. Mas vamos voltar à fazer socorro"< diz ele, lembrando que a cidade tem 2.900 pessoas desabrigadas ou desalojadas.
Uma grande cozinha foi montada para preparar alimentos para os desabrigados. Quem está alojado na casa de parentes ou amigos recebe a cesta básica.
"Em Branquinha e Santana do Mundaú não tem prédio em pé, não tem lugar nem para guardar. Para lá estamos mandando principalmente quentinhas. A assistência é o grande trabalho. Estamos fornecendo 3 mil quentinhas por dia", afirma.
Marques diz que, além de preparar a comida, os militares têm de tirar das cestas básicas comida que chega estragada. "Estão colocando alimento perecível junto. Não adianta. Quando chega aqui está tudo estragado", explica. Para ele, a comida já é suficiente, mas falta produto de higiene pessoal e limpeza, principalmente fraldas e absorventes higiênicos.
Em Murici começa a atender na manhã desta segunda-feira o terceiro hospital de campanha do Exército na região.
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