Com frente fria se deslocando, intensidade das chuvas diminuiu no Litoral
Uma frente fria que se desloca pelo oceano na costa do Paraná deve deixar o estado entre terça (15) e quarta-feira (16), fazendo com que a intensidade das chuvas diminua, especialmente no Litoral, que é a região mais afetada por esta circulação.
Apesar da diminuição das precipitações, o tempo vai permanecer instável na região e há possibilidade de que volte a chover na quinta-feira (17). Já na sexta (18), há previsão de pancadas de chuva com trovoadas.
Doações
Há vários pontos de coleta de doações para as pessoas afetadas pela destruição causada pela chuva no litoral do Paraná. Saiba como ajudar e onde levar sua doação
Situação de emergência x estado de calamidade pública
O chefe da seção operacional da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil no Paraná, capitão Eduardo Gomes Pinheiro, explicou a diferença entre os desastres e de que forma eles são classificados:
Desastre de nível 1 São pequenos desastres e também podem ser considerados acidentais. Trazem impacto restrito para o município por se tratar de um evento pontual, que a própria administração local tem condições de resolver. Não caracteriza uma situação anormal.
Desastre de nível 2 São desastres de médio porte, mas que também podem ser superados pelo município ou estado sem a necessidade de auxílio externo. Também não caracteriza uma situação anormal.
Desastre de nível 3 São desastres de grande porte. Eventos com esta intensidade indicam que o município ou estado tem condições de resolver a situação apenas com os próprios recursos, mas necessita de complementação do governo estadual ou federal, respectivamente. Caracterizam situação de emergência (SE).
Desastre nível 4 São chamados de desastres de muito grande porte. Indicam que a situação na qual se encontra o município o estado só será superada com o auxílio de governos e órgãos externos. Geralmente são eventos que provocam a descaracterização da organização do município ou estado. O estado de calamidade pública (ECP) representa um desastre de nível 4.
Boletim da Defesa Civil das 16h45
Antonina
Residências danificadas: 300
Residências destruídas: 20
Pessoas desalojadas: 600
Pessoas desabrigadas: 150
Óbitos: 2
Pessoas abrigadas: 50
Pessoas afetadas: 1.500
Morretes
Residências danificadas: 2.450
Pessoas desalojadas: 8.000
Pessoas desabrigadas: 680
Pessoas desaparecidas: 2
Pessoas feridas: 2
Pessoas abrigadas: 60
Pessoas afetadas: 15.178
Paranaguá
Residências danificadas: 75
Residências destruídas: 40
Pessoas desabrigadas: 147
Pessoas desalojadas: 103
Pessoas abrigadas: 80
Pessoas afetadas: 250
Guaratuba
Residências danificadas: 50
Residências destruídas: 15
Pessoas desalojadas: 140
Total de pessoas afetadas: 1.590 A terceira morte que havia sido confirmada pela Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Morretes passou a integrar o número de pessoas desaparecidas, pois não foi localizado o corpo da vítima.
Mortes em Antonina
Duas pessoas morreram soterradas depois que um deslizamento de terra provocou o desabamento de casas em Antonina nesta sexta-feira (11), segundo o comandante do Corpo de Bombeiros de Morretes e Antonina, tenente Taylor Machado.
Prefeito de Morretes pede ajuda
O prefeito de Morretes, Amilton de Paula, fez um apelo aos governos estadual e federal para que liberem recursos para a reconstrução do município. "Os prejuízos com estrutura de estradas, pontes, escolas e postos de saúde devem ser de R$ 8 milhões a R$ 10 milhões", diz o prefeito.
Especialistas apontam semelhanças entre o Litoral do PR e a região serrana do Rio
O desastre natural ocorrido na região de Morretes e Antonina, no litoral paranaense, nos últimos dias, é semelhante à tragédia registrada em janeiro passado na região serrana do Rio de Janeiro. A formação geológica da área em que foi registrado o maior desastre natural do país, no começo do ano, tem as mesmas características da região atingida aqui no Paraná as duas localidades fazem parte da mesma Serra do Mar
Ferrovia está interditada
Com as fortes chuvas que atingiram o litoral, os trens que fazem a ligação do Porto de Paranaguá com o restante do estado pararam de operar na sexta-feira perto do meio-dia.
Entrega dos jornais no litoral
A Gazeta do Povo avisa que não será possível a distribuição do jornal para os assinantes e para as bancas, neste domingo, em:
Morretes;Antonina;Paranaguá e outras cidades do Litoral do Paraná. Também não haverá condições de entrega para Joinville e litoral de Santa Catarina.
mercadorias pelo Porto de Paranaguá ainda não foi afetada. A coordenadoria de exportação da Appa prevê que com a interrupção prolongada da BR-277 pode faltar carga para exportar.
Não só o escoamento de grãos que vem por rodovia foi prejudicado, mas também a movimentação de mercadorias por ferrovia. Com as chuvas, a ferrovia que liga Curitiba a Paranaguá ficou interditada em seis pontos diferentes. A América Latina Logística (ALL) tem cerca mil vagões prontos para descer a serra desde a tarde de domingo (13). A assessoria da ALL informou que a empresa deve liberar a linha férrea na noite desta terça-feira (15). Caso não seja possível a liberação da ferrovia na terça, 30% da produção que seguia para Paranaguá devem ser enviados para o Porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina.
A liberação de senhas do Cadastramento On-line, que avisa quando o caminhão deve seguir rumo à Paranaguá, ainda continua suspensa para evitar o acúmulo de veículos na fila, segundo a Appa. Mesmo assim, a administração dos portos informou que muitos exportadores não estão obedecendo à determinação e estão mandando caminhões não cadastrados ao Litoral.
Cidades afetadas
As chuvas que atingiram o Paraná desde a última quinta-feira (10) causaram estragos e muitos prejuízos em sete municípios. O último balanço da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil - divulgado na tarde desta segunda-feira (14) - informava que as cidades atingidas eram São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba; Honório Serpa e Mangueirinha, no Sudoeste do Paraná; Antonina, Morretes, Paranaguá e Guaratuba, no Litoral do estado.
Morretes decretou estado de calamidade pública na tarde domingo (13) e Paranaguá havia entrado em situação de emergência na sexta-feira (11) e Guaratuba, nesta tarde.
A Colônia Castelhanos, em São José dos Pinhais, ainda estava parcialmente isolada na noite de domingo. Aproximadamente 400 pessoas residem no local e estavam sem luz. O acesso era bastante difícil.
A comunidade tinha água potável e alimentos. A preocupação era com a produção de banana ? principal fonte de renda da comunidade ? que estava sendo escoada lentamente com auxílio dos tratores.
Situação em Antonina e Morretes
O número de pessoas desalojadas em Antonina dobrou entre domingo e segunda, de acordo com a Defesa Civil. Foram afetados 1.500 moradores, sendo que 600 estão desalojados e 150 desabrigados. As chuvas danificaram 300 residências e destruíram outras 20.
As três agências bancárias de Morretes não funcionaram nesta segunda-feira (14). Além de estarem fechadas, os caixas eletrônicos das agências da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Itaú foram danificados pelas fortes chuvas que atingiram o litoral e também não podiam ser utilizados pela população. Uma solução encontrada pelos moradores era pagar contas na única lotérica do município. Para quem é cliente da caixa econômica, o estabelecimento também era utilizado para saques. Havia longa fila nessa lotérica na tarde desta segunda.
Água, gasolina e determinados alimentos começam a faltar no litoral do Paraná. A interdição na BR-277 entre sexta-feira (11) e domingo (13) fez com que fornecedores dos supermercados de Antonina não conseguissem chegar ao município. Com isso, a situação na cidade é de que determinados alimentos começavam a faltar. Em alguns comércios faltavam biscoitos, em outros carnes e ainda alimentos de preparo rápido. Apesar da situação, não se pode afirmar que faltam alimentos na cidade. Como foi dito, há dificuldade para encontrar produtos pontuais.
O grande problema de Antonina é de que não há água mineral para se comprar na cidade. Os moradores podem conseguir alimentos, água e leite na estrutura montada pela Defesa Civil, na Estação Ferroviária.
Outro ponto de distribuição de água é em um colégio na Ponta da Pita, segundo a Defesa Civil. No local funciona uma escola municipal e um colégio estadual. O endereço é Rua Engenheiro Luiz Augusto Leão Fonseca, 923.
Além disso, não há gasolina nos postos de combustível. Os motoristas encontram apenas álcool.
A região mais afetada em Antonina pela chuva foi a do bairro Laranjeiras. O que se pôde observar logo na chegada ao município é de que há muitas casas soterradas. As ruas próximas à rodoviária estão cheias de barro, porém, os veículos ainda conseguiam passar com dificuldades.
A Defesa Civil havia liberado a entrada dos moradores da região do Mirante das Pedras, no Centro, em suas casas, para que tentassem salvar alguns pertences. A autorização foi suspensa porque havia risco de deslizamentos de terra e de pedras do morro.
1,5 mil casas novas
Será necessário construir 1.500 casas para atender todas as pessoas atingidas pelas chuvas em Antonina, disse o prefeito da cidade, Carlos Augusto Machado, na tarde desta segunda-feira (14). De acordo com o último boletim divulgado pela Defesa Civil, cerca de 750 pessoas tiveram que deixar suas casas. Mas este número deve subir, porque muitas famílias devem ser retiradas de áreas de risco.
O prefeito Carlos Augusto Machado disse que segue nesta terça-feira para Brasília, onde deve se reunir com senadores da bancada paranaense, para negociar a liberação de verba para a reconstrução da cidade. ?Ainda não temos uma estimativa de quanto de dinheiro será necessário, mas há muita coisa para fazer. É praticamente construir uma cidade nova?, disse.
Além da destruição deixada pela enxurrada, a população enfrenta falta de água. A rede que liga a estação de captação à estação de tratamento foi destruída em um ponto cerca de quatro quilômetros antes de chegar à cidade. Depois que os técnicos fizeram os reparos, novos deslizamentos, na noite de domingo, voltaram a danificar a rede. Mais de 50% do município está sem abastecimento. Segundo o prefeito, a estimativa era que toda a cidade voltasse a ser abastecida até o final desta segunda-feira.
Outro problema da cidade é a falta de alguns produtos, entre eles água mineral. Além disso, era difícil encontrar gasolina nos postos de combustível. A região mais afetada em Antonina pela chuva foi a do bairro Laranjeiras, onde muitas casas ficaram soterradas. As ruas próximas à rodoviária ficaram cobertas de barro.
Calamidade pública
Morretes decretou estado de calamidade pública na tarde de domingo, de acordo com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. O chefe da seção operacional, capitão Eduardo Gomes Pinheiro, informou que a atitude foi tomada porque o município não estava conseguindo dar conta sozinho da situação. Além disso, trata-se de uma sinalização ao governo federal de que é preciso maior apoio e repasse de recursos.
Apesar da situação, o comércio de Morretes não estava com tantos problemas como o de Antonina. Ainda não havia registro de desabastecimento no município. A situação mais caótica estava na zona rural.
Situação em Paranaguá
As aulas da rede municipal, estadual e particular foram suspensas nesta segunda-feira (14) em Paranaguá em razão da falta de água tratada. O abastecimento continuava interrompido para 100% da cidade na manhã desta segunda-feira, segundo o diretor da empresa Água de Paranaguá, Mário Miller. Ele explica que a chuva levou lama e detritos para os mananciais, onde é feita a captação da água.
?Nossa estação não consegue tratar a água pois analises apontaram 100 vezes mais barros e detritos na água do que antes da chuva?, disse. A previsão inicial de que 25% do abastecimento seja retomado até a terça-feira (15) e pelo menos 50% seja normalizado até o fim de semana.
Enquanto isso, os moradores estão sendo atendidos por 10 caminhões-pipas que estão buscando água em uma área de captação em Praia de Leste, em Pontal do Paraná.
Foram instaladas caixas d?água em cinco pontos da cidade: Aeroparque, no bairro Nilson Neves (no Corpo de Bombeiros ? Rua Bento Munhoz da Rocha Neto), na Praça da Vila Cruzeiro, na Praça da Paz (Rua Manoel Correia) e na Ilha dos Valadares (Praça da Matriz).
A falta d?água afetou também o atendimento no Hospital Regional do Litoral, em Paranaguá. As cirurgias eletivas foram suspensas e o hospital atende apenas os casos emergenciais. Caminhões-pipa estão levando água para o hospital a cada três ou quatro horas.
Alguns estabelecimentos comerciais estão cobrando até R$ 50 por galões de 20 litros de água mineral. A população também deve denunciar, por recomendação do Ministério Público, preços abusivos que estejam sendo praticados na venda de galões de água. As denúncias podem ser feitas para a Polícia Militar. O órgão ainda reitera que a água seja usada especialmente para consumo, alimentação e higiene pessoal, sendo evitadas outras atividades.
Appa informou na tarde desta segunda-feira (14) que disponibilizou todo seu estoque de água para doar à população de Paranaguá. Cerca de um milhão de metros cúbicos foram colocados à disposição da Defesa Civil na cidade para ajudar a população que sofre com a falta de abastecimento de água desde sexta-feira (11).
Desde sábado, a Appa interrompeu o abastecimento de água nos navios para poder destinar seu estoque à população da cidade.
A população também enfrenta o desabastecimento de combustível. Em alguns postos já não se encontra mais gasolina, e nos que ainda resta combustível é grande a fila para abastecer. Com isso, a empresa Viação Rocio reduziu o número de ônibus do transporte coletivo. Confira as linhas afetadas. A falta de energia elétrica atingia 439 domicílios até a manhã desta segunda, a maioria na zona rural do município e no Morro Inglês.
De acordo com a Companhia Paranaense de Energia (Copel), o número de residências sem energia no litoral era de 1.351 nesta segunda-feira. Só em Paranaguá eram 439 unidades na zona rural e no Morro Inglês. Em Morretes, Guaraqueçaba e Antonina eram 912 domicílios sem energia.
Equipes da Copel substituíram 23 postes em todo o Litoral nesta segunda(14) e outros 45 devem ser repostos nos próximos dias nas regiões mais afastadas das cidades.
A falta de água atingia 100% da cidade de Paranaguá e 50% de Antonina. Em Morretes a Sanepar retomou as atividades da estação de tratamento na noite de sábado (12), mas até esta segunda o abastecimento não havia sido restabelecido para todos os bairros.
Veja as imagens do litoral no slideshow
(Colaboraram com a matéria: Danielle Brito, Vitor Geron, Isadora Rupp, Paola Carriel, Pollianna Milan, Rosana Felix, Aniela Almeida, Gladson Angeli, Fernanda Leitóles, Juliana Gonçalves, especial para a Gazeta do Povo, Bianca Garmatter, correspondente em Paranaguá, Diego Ribeiro, Fernanda Trisotto e Eloá Cruz)
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