O prefeito Fernando Haddad (PT) inaugurou na manhã deste domingo (9) a ciclovia sob o Minhocão, na região central de São Paulo. Com 4,1 km, ela liga a praça Roosevelt ao terminal de ônibus e metrô da Barra Funda.
A nova pista passa pelas rua Amaral Gurgel e pelas avenidas São João, General Olímpio da Silveira e Auro de Moura Andrade e fica boa parte do percurso no canteiro central.
Essa área embaixo do elevado Costa e Silva teve que ser alargada em alguns pontos para acomodar os dois sentidos da ciclovia e os pontos de ônibus do corredor exclusivo que já existia no local.
A iluminação também foi ampliada e as lâmpadas foram trocadas por luminárias de LED, mais modernas e econômicas. Segundo a prefeitura, a obra, iniciada em janeiro, custou R$ 7,7 milhões.
Com a nova pista de bicicletas, a gestão Haddad já entregou 293 km de ciclovias. A meta do prefeito é chegar a 400 km até o fim do mandato, no ano que vem.
Para implantação do trecho na rua Dr. Frederico Steidel, a via, que operava com mão dupla de direção, passou a ter mão única, com sentido do Arouche para a avenida São João.
Ciclistas elogiaram a qualidade do piso e da sinalização da nova ciclovia, e afirmam que ela dá mais segurança para pedalar em uma região de tráfego muito movimentado.
“Agora dá pra andar sem medo. Antes eu pedalava aqui e os carros e ônibus passavam tirando fina, xingando. Hoje não teve isso”, disse o zelador Severino Tavares, 36.
O professor José Luiz Bigoni, 75, usuário das linhas do corredor de ônibus da São João, também aprovou.
“Ficou confortável, os pontos de ônibus ficaram com um espaço bom. Temos que saber dividir, cada bicicleta é um carro a menos, o que é bom para os ônibus e para o meio ambiente”, disse.
Já o cozinheiro Manoel Pereira, 47, não ficou tão feliz com o que viu.
“Para quem mora aqui é legal, mas eu moro longe e só ando de ônibus, então não adianta nada. Acho que vai atrapalhar o passageiro, nos dias de semana os pontos ficam lotados e não vai caber todo mundo, não”, afirmou.
“Fora isso, agora vai ficar mais fácil para os trombadinhas que assaltam de bicicleta. Vão pegar as coisas e sumir.”
Outros ciclistas revelaram temer que as pilastras do Minhocão criem pontos cegos, que impeçam quem está pedalando de ver se algum pedestre está na pista.
Haddad disse que o uso da nova ciclovia será acompanhado por técnicos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e que poderá ser feita readequação se houver necessidade.
“Os próprios ciclistas são os maiores interessados em manter a segurança de todos, porque eles foram os maiores prejudicados historicamente com a falta de segurança. Ele também quer o bem do pedestre”, disse.
O prefeito chegou e foi embora de carro. Ele pedalou cerca de 2 km, da rua Major Sertório à Dr. Albuquerque Lins, onde visitou um estacionamento de food trucks.
Integrantes do Movimento Desmonte Minhocão, que defende a demolição do elevado por etapas, fez um protesto com placas e cartazes.
Eles também entregaram uma carta ao prefeito em pedem “compaixão pelos mais de 230 moradores-eleitores que há décadas são agredidos em sua saúde”.
Haddad respondeu que iniciativas como a nova ciclovia ajudam a ampliar o debate sobre o futuro do Minhocão.
“Há duas tendências igualmente respeitáveis, a de transformar em uma área de lazer e a de desmontar. Eu penso que atitudes como essa que estamos tomando vai estimular o debate na cidade. Nós queremos que a decisão seja amadurecida, para que não haja uma decisão arbitrária”, afirmou.
Enquanto falava à imprensa, Haddad foi xingado duas vezes por pessoas que passavam pelo local de carro, e que em seguida foram hostilizadas pelos ciclistas.
“As vezes é por encomenda que se faz isso. Não vamos dar bola para uma minoria que não tem democracia. Quando há um indivíduo que se insurge contra a nossa tradição de respeito, a própria população reage contrariamente e vaia aqueles que não tem a educação necessária para viver na civilização”, disse o prefeito.
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