O governo federal vai interromper a concessão de novas bolsas de intercâmbio internacional para estudantes de graduação no âmbito do Ciência sem Fronteiras. As bolsas para universitários sempre foram o foco do programa, e representam 79% dos benefícios já concedidos.
Mesmo com o cancelamento de novos editais para esses alunos, o ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) insiste que a decisão não significa o fim do programa. Ele promete que haverá novas bolsas para alunos da pós-graduação (mestrado, doutorado e pós-doutorado).
Mendonça também planeja criar uma modalidade de bolsas no exterior para alunos pobres de ensino médio e que estudem em escolas públicas. Mas tanto as novas bolsas para pós-graduação quanto essas para o ensino médio dependem de liberação de orçamento.
O alto custo com as bolsas é o principal motivo para o cancelamento de novos editais para a graduação. “Um aluno no programa custa na média R$ 105 mil por ano. O governo gastou no ano passado com 35 mil bolsistas o equivalente a todo investimento em merenda escolar para cerca de 40 milhões de estudantes”, disse o ministro.
O Ciência sem Fronteiras custou no ano passado R$ 3,7 bilhões - o mesmo gasto com o programa federal de alimentação escolar, de acordo com informações do MEC.
“O programa está parado desde 2015, ainda na gestão anterior. Não tem avaliação de impacto, as matérias que os alunos fazem muitas vezes não são incorporadas à grade curricular daqui”, critica o ministro. O cancelamento de bolsas para a graduação foi revelado pelo portal UOL.
Bolsas
O governo federal já concedeu 92,8 mil bolsas para estudantes e pesquisadores em outros países. O programa mantém atualmente 14,4 mil bolsas vigentes, sendo 10 mil (70%) para estudantes de graduação.
O ministro garantiu que os alunos e pesquisadores que permanecem no exterior terão seus benefícios pagos até o fim de seus cursos. “Todos os alunos que estão em curso terão os pagamentos honrados”, disse.
O programa foi criado em 2011 pela presidente Dilma Rousseff. Com foco em áreas de tecnologia e engenharia, o governo pretendia enviar para o exterior 101 mil estudantes. Parte dessas bolsas seriam financiadas por empresas, o que não se efetivou.
A iniciativa acabou se tornando uma das bandeiras do primeiro mandato de Dilma na área de educação, embora tenha acumulado críticas sobre o baixo impacto científico obtido ao financiar mais estudantes de graduação do que de pós.
Outra controvérsia envolve o perfil de instituições para onde os bolsistas foram enviados. Como a Folha de S.Paulo revelou em junho, menos de 4% dos beneficiados foram para uma das 25 melhores universidades do mundo, classificadas no ranking britânico Times Higher Education.
Após o afastamento da presidente, o ministro Mendonça Filho tem repetido de que não haveria recuo de programas na pasta, citando o Ciência sem Fronteiras, Fies (Financiamento Estudantil) e o Pronatec (programa de formação técnica e profissional).
Em junho, a Folha publicou reportagem sobre interrupção de pagamentos de pesquisadores de doutorado que estão no exterior pelo programa. O governo defendeu que não havia cortes. A não renovação teria ocorrido por questões de qualidade.
O programa dispõe hoje de R$ 1,8 bilhão para garantir a continuidade das bolsas.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Deixe sua opinião