Atualizado em 23/11/2005 às 19h43
A família e a sócia do empresário paranaense Marcos Luszczynski, de 32 anos, que está desaparecido há quase 20 dias na montanha Mont Blanc, a mais alta da Europa, entre a França e a Itália, esperam que a equipe de buscas encontre o empresário até domingo (27). Autoridades francesas descartam chance de encontrar alpinista brasileiro vivo
"Está prevista neve a partir de sexta-feira. Acreditamos que as chances de encontrá-lo vivo, antes da neve, são maiores. O problema é que era necessário uma equipe de buscas terrestres, não apenas de helicóptero, mas as buscas serão intensificadas nos próximos dias", disse Patrícia Santos, sócia do empresário.
A informação vinda nesta quarta-feira (23) do capitão da polícia francesa, Stefan Bonzon, responsável pelas buscas, é que, de acordo com o dinheiro gasto, o empresário comprou bastante comida. As informações foram colhidas de moradores do vilarejo de Chamonix, famosa estação de esqui, na França. Viagem a trabalho
Segundo Patrícia, a decisão da ida do empresário para a montanha aconteceu três dias antes do embarque de Luszczynski. "Há dois meses recebemos um convite de uma feira internacional na Alemanha de equipamentos de segurança. Só decidimos que ele ia viajar três dias antes do embarque. Ele já tinha tudo planejado", contou.
Andréia Luszczynski, irmã do empresário, acredita que o irmão está vivo, aguardando ajuda. "Ele tem conhecimento nas técnicas de primeiros socorros", disse.
Patrícia passa o dia acessando o site da cidade de Chamonix, acompanhando o clima na região do Mont Blanc. A cidade de Chamonix fica ao pé do Mont Blanc e é de onde partem geralmente os alpinistas ou pessoas que fazem trakking na montanha.
A última notícia do empresário veio por meio da equipe de resgate, que encontrou um recado escrito por ele no dia 07 de novembro na parede de um abrigo na montanha, a 3.800 metros de altitude. Não era um pedido de socorro, pelo contrário.
De acordo com o Paraná TV, a mensagem deixa claro que Luszczynski sabia o que estava fazendo. "Estou vivendo momentos mágicos aqui. Agradeço ao meu Deus", diz o recado.
Patrícia descobriu no computador do sócio a lista de equipamentos que ele levou. O paranaense estava bem preparado e tem experiência em altura. De acordo com o pai do empresário, Henrique Luszczynski, em entrevista à rádio CBN, Marcos tinha experiência e já havia escalado montanhas mais difíceis que o Mont Blanc.
A montanha tem 4.800 metros de altura e nesta época está coberta de gelo. Como o alpinista não voltou no dia planejado, a sócia e a irmã dele avisaram às equipes de busca francesas e o consulado brasileiro em Paris.
Mau tempo
O mau tempo na França pode prejudicar as buscas do empresário paranaense. O pelotão de resgate nas montanhas tem feito duas buscas diárias com dois helicópteros, mas os ventos fortes na região dificultam o trabalho, impedindo vôos mais altos. A previsão é de neve a partir de sexta-feira.
O consulado brasileiro em Paris entrou em contato com o pelotão de resgate nas montanhas, e as buscas de helicóptero começaram há cinco dias. De acordo com a TV Globo, sete mil pessoas já morreram tentando chegar ao cume.
Patrícia informou que, por enquanto, não está prevista a ida de ninguém da família para Chamoix, mas assim que o empresário for encontrado, certamente algum familiar deve embarcar para a França.
A sócia ainda disse que muitas pessoas, querendo ajudar, estão entrando em contato com a embaixada do Brasil na França. O problema, segundo ela, é que eles só têm uma linha de telefone. "A equipe de buscas tenta entrar em contato com a embaixada, mas o telefone só dá ocupado", explicou.
Experiência no Mont Blanc
O executivo curitibano Luiz Claudio Vieira escalou o Mont Blanc em agosto deste ano. De acordo com ele, a escalada em si é tranqüila, porém, é fundamental a presença de guias durante todo o trajeto.
"A escalada é muito curta e de baixa dificuldade técnica. Pode ser feita em dois dias, dormindo a primeira noite no "Refuge du Goûter"(3.816 metros) e completando a escalada e retornando no dia seguinte. O refúgio intermediário para emergências se chama "Refuge Vallot" (4.362 metros). Os cinco dias anteriores são para aclimatação e treinamento técnico(cordas, picareta e crampons/garras nas botas)".
Segundo Vieira, o programa de escalada é aberto para amadores acompanhados durante julho e agosto. Para cinco pessoas sem experiência em alpinismo são colocados três guias. Nos demais meses do ano esta prática fica fechada em virtude das condições climáticas. "Mesmo no verão Europeu várias escaladas são interrompidas quando o vento passa dos 60km/h", observa. Em um bom dia de verão com sol, a temperatura no cume é de cerca de -10ºC.
O último contato de Luszczynski foi por e-mail, confira a íntegra do documento
Veja em vídeo a expectativa da sócia e da irmã do empresário.
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