Estudar em espaços provisórios e ver o colégio dividido em duas partes não é novidade para os 1.290 alunos do Colégio Estadual Ambrósio Bini, em Almirante Tamandaré. Há cinco anos, o prédio onde funcionava a escola foi interditado por apresentar problemas estruturais e rachaduras e até agora só medidas paliativas foram tomadas.
Ironicamente, cada uma das partes da escola é chamada de câmpus, como uma universidade. Mas chegar ao ensino superior é desafio para as crianças e adolescentes que lá estudam. Sem banheiro e alvo fácil de vândalos, o prédio sofre com a ameaça de afundar. Uma sala de aula já foi interditada por causa desse problema.
O câmpus 1 do Ambrósio Bini funciona num prédio antigo do que já foi a Escola Municipal São Francisco, no mesmo terreno de outro colégio estadual, o Jaci Prado de Oliveira. Apenas uma cerca de arame divide as duas escolas. Para usar o banheiro, os alunos do Ambrósio Bini têm de atravessá-la e enfrentrar "brincadeirinhas" do grupo de alunos da do outro lado, que algumas vezes acabam em confusão. "Os alunos da outra escola não aceitam nem que os nossos passem para o outro lado", diz o presidente da Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF), José Américo Martins.
Já no câmpus 2, a situação é de improviso. São 350 alunos atendidos em um barracão adaptado para a escola funcionar. O prédio é alugado e funciona na mesma rua do, interditado. Um mezanino foi construído para abrigar salas e uma quadra improvisada foi montada na frente da escola. "O barulho atrapalha bastante. Ouvimos o pessoal andando no andar de cima e falando também", diz Mariana (nome fictício), estudante do 2º ano do ensino médio, com 15 anos. Mariana faz parte de uma geração local que não conheceu o prédio interditado. "Se estivesse funcionando, lá ia ser melhor porque tem mais espaço, parece mais confortável", diz.
Mariana saía mais cedo da aula naquele dia. Desde que voltou de férias é comum ser liberada por falta de professor. "Muitos pedem licença porque ficam estressados", diz. De acordo com o presidente da APMF, a dificuldade do acesso nos dois câmpus e a falta de estrutura desestimulam os docentes. "Eles acabam desistindo. Nem todos têm carro para ficar indo de um prédio ao outro", diz.
Ampliação parada
Na entrada do Colégio Estadual São Cristóvão uma faixa anuncia a luta da comunidade e pede retomada das obras de ampliação da escola, parada há seis meses. São 1.028 alunos que estudam em turmas de 5ª a 8ª séries e no ensino médio. De acordo com uma funcionária, que prefere não se identificar, as salas de aulas estão superlotadas, funcionam com uma média de 50 estudantes e faltam vagas para transferências. A Secretaria de Estado da Educação informou por meio de sua assessoria de imprensa que a empresa Masp, responsável pela construção, entrou em dificuldades financeiras e abandonou a obra. O estado está tomando providências para averiguar a responsabilidade da empresa e tomar as providências cabíveis, informa a secretaria. Caso a empresa que ficou em segundo lugar na licitação não assuma a obra, um novo processo deve ser aberto no período de 4 a 5 meses.