Perfil
Beatriz Faria Ansay
Número de alunos: 1.068
Nível de ensino: 5ª a 8ª séries e médio
Custo total da obra: R$ 1,7 milhão
Gastos até o momento: R$ 716.209,15
Atraso na execução da obra: 2 anos
Depoimento: "A Beatriz não merece isso"
"É muito triste ver o prédio da escola, onde estudei e fui diretora por sete anos, estar abandonado. A Beatriz (que dá nome à escola, morta em 1947), não merece isso. Ela foi a primeira professora normalista de lá e andava 33 quilômetros para dar aulas. Quando cheguei lá para assumir a direção era um matagal. Não tinha móveis, nem muros.
Fiz as matrículas em cima das carteiras. Daí pensei: que escola é essa que não tem cantina, móveis, quase nada? Fazia todo o trabalho de secretaria, pois nem funcionários tínhamos. A água encanada que o bairro tem hoje foi trazida pela escola. Quando me aposentei e saí, em 1984, a escola estava bonita e muito bem cuidada.
É uma tristeza enorme ver o descaso dessas autoridades. Me disponho inclusive a trabalhar como voluntária para resgatar o colégio."
Sebastiana Tortato, 76 anos, ex-diretora do Beatriz Faria Ansay
Salas de aulas que foram adotadas como provisórias se transformaram em permanentes e causam prejuízos a cerca de 3 mil adolescentes que estudam em escolas públicas de Curitiba, Almirante Tamandaré e São José dos Pinhais. Os casos se arrastam de seis meses a cinco anos sem solução. Enquanto isso, a comunidade escolar precisa conviver com prédios depredados, construções inacabadas, salas superlotadas e, como conseqüência, aumento do vandalismo e violência. No bairro Tatuquara, na capital, há quatro anos a comunidade aguarda a reforma do Colégio Estadual Beatriz Faria Ansay. Já o Ambrósio Bini, em Almirante Tamandaré, está dividido em duas partes desde a interdição do prédio, em 2003. Em São José dos Pinhais, uma reforma de ampliação do Colégio São Cristóvão está paralisada há seis meses, ainda sem previsão de retomada. A reportagem da Gazeta do Povo visitou cada um desses locais.
Mais violência no prédio inacabado
O aumento da violência e evasão escolar estão entre os principais prejuízos que a paralisação das obras do Colégio Beatriz Faria Ansay trouxe para a comunidade. O prédio inacabado, com obras iniciadas em 2005 e paralisadas há um ano, após a segunda retomada, serve de mocó para usuários de drogas e andarilhos, segundo conta um morador, o soldador aposentado Moacir (nome fictício), 48 anos. "Tanto de dia quanto de noite é um entra-e-sai", diz. No local, garrafas de aguardente de cana, cobertores e roupas são os vestígios deixados pelos "visitantes".
Há 22 anos, Moacir vive nas proximidades do colégio, onde estudaram suas duas filhas mais velhas, de 24 e 22 anos. A mais nova, com 14, está entre os 1,2 mil estudantes que sofrem conseqüências da obra inacabada do colégio fundado em 1911. "Ela tem medo de estudar lá. Está muito violento", diz. O medo se justifica. Em abril deste ano, um tiroteio assustou alunos, professores e funcionários do turno da noite. Dois meses antes, moradores chegaram a bloquear a BR-476 para exigir a retomada das obras da escola. Na época do tiroteio, a Secretaria de Estado da Educação informou por meio da imprensa que as obras seriam retomadas em 60 dias, com a abertura de um novo processo licitatório. Até agora, nada foi feito. Com o último prazo dado pelo governo, a previsão de entrega do novo prédio era para o começo de 2009, mas nem isso é certeza para a população.
O Beatriz Ansay é o único colégio estadual do Tatuquara, que atualmente funciona em um prédio alugado por R$ 6 mil por mês, segundo informaram professores que preferem não se identificar. Por estar distante da antiga sede inacabada, necessita de transporte escolar, com custo anual de R$ 112.209,15, segundo informou a assessoria de imprensa da Superintendência de Desenvolvimento Educacional da Secretraria.
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