Atendendo ao pedido de uma leitora, faço considerações sobre o uso das locuções "ao invés de" e "em vez de". Os dois parágrafos seguintes sintetizam a explicação dada pela maioria dos materiais de recorte normativo. É possível segui-los.Usa-se "ao invés de" quando se tem claramente a ideia de oposição entre dois termos, de inverso (invés=inverso). Por exemplo: subir/descer, sair/entrar e baixar/subir. Essa orientação está exemplificada na frase "Ao invés de baixar, os preços subiram". Trata-se, portanto, de uma locução de uso mais restrito, pois só poderia surgir em construções nas quais há dois termos diametralmente opostos.
A locução "em vez de" é de uso mais geral: pode ser usada tanto para a oposição entre palavras quanto para indicar uma troca, substituição (em lugar de). Seguem-se duas frases que ilustram a lição: "Em vez de arrumar os dentes, Antero comprou um camelo" e "Em vez de baixar, os preços subiram".
Trocando em miúdos: em caso de dúvida, é só usar o "em vez de".
Mas essa história não precisa acabar assim. Língua é uma questão de uso. É dinâmica. Quando consultamos textos de bons escritores, vemos que a distinção proposta pela maioria dos materiais de recorte normativo dificilmente é obedecida rigorosamente. Pelo contrário, encontramos as duas locuções flutuando, sem significar em absoluto a desfiguração dos textos. Vejamos um exemplo: "Ao invés de baixar como previsto pela maioria dos analistas, a inflação disparou nos três primeiros meses". Ora, "baixar" não se opõe a "disparar". Mas dificilmente uma pessoa conhecedora do português culto vai tachar essa construção de inadequada.
Então, trocando em miúdos de novo: em caso de dúvida, confronte os materiais normativos com o uso real da língua escrita nos mais diversos contextos de uso culto. E faça sua escolha.
Governo pressiona STF a mudar Marco Civil da Internet e big techs temem retrocessos na liberdade de expressão
Clã Bolsonaro conta com retaliações de Argentina e EUA para enfraquecer Moraes
Yamandú Orsi, de centro-esquerda, é o novo presidente do Uruguai
Por que Trump não pode se candidatar novamente à presidência – e Lula pode