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Nesta coluna, retomo um pequeno tópico das aulas de Português chamado "Acentos diferenciais". Esses acentos, como o nome sugere, serviam/servem para diferenciar pares de palavras homógrafas, isto é, com grafia idêntica. Vamos entrar no assunto com os dois primeiros versos da penúltima estrofe de Os Lusíadas: "Pera servi-vos, braço às armas feito/ Pera cantar-vos, mente às Musas dada".

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Aqui temos a preposição "pera", que, no tempo das musas, fazia par com o substantivo "pêra". Agora essa fruta perdeu o acento: é "pera". Continua deliciosa, não como a "pera" de Camões, que há séculos deu lugar ao "para": Para servir-vos.

Os cortes não ficaram só nisso. Também já andam sem acento: "para" (flexão do verbo parar: Ele sempre para aqui); "pelo" (substantivo: Tony Ramos tem muito pelo); "pelo" e "pela" (flexão do verbo pelar: Eu pelo um porco em poucos minutos); e "polo" (Ele joga polo aquático no Polo Norte).

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O facão deixou intactos alguns acentos. Vamos ver os mais importantes.

A forma "pôde" (flexão do verbo poder no passado) leva acento circunflexo para se distinguir de "pode" (flexão do verbo poder no presente). O verbo "pôr" continua acentuado; a preposição "por", sem acento. A terceira pessoa plural do verbo "ter" recebe acento circunflexo: Eles "têm" muitas qualidades. Os derivados do verbo "ter", na terceira pessoa do plural, também levam acento circunflexo. Os derivados na segunda e terceira pessoa do singular levam acento agudo. Vejam: Eles mantêm a palavra – Ele mantém a palavra/Tu manténs a palavra.

Aplicamos a mesma regra ao verbo "vir" e seus derivados: Eles "vêm" (plural), Ele "vem" (singular), Eles intervêm (plural) e Ela intervém (singular).

Síntese: para, pelo, pela, polo e pera, sem acento; pôde, pôr, têm e vêm, com acento.

"E que Cessem do sábio Grego e do Troiano/As navegações grandes que fizeram."

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