O início das atividades escolares sempre é uma excelente oportunidade para refletirmos sobre a importância da educação básica na formação dos estudantes. Infelizmente, muitos de nós educadores só damos a devida importância a esse nível de ensino quando lecionamos para o ensino superior... Mas isso é outra questão.

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Puxando o assunto para a área de interesse desta coluna, é válido lembrar que a escola é a instituição responsável e legítima para qualificar o ensino da língua portuguesa. Não é demais mencionar que, no geral, nossa sociedade tem aversão a qualquer tentativa de fugir das abordagens reducionistas que se faz de questões referentes a nossa língua. Acostumada ao sim ou não, ao certo ou errado, a maioria dos brasileiros se mostra incrédula quando lê ou ouve que língua também é objeto de estudo, de investigação, de contestação. Muitos brasileiros que gostam de discutir questões de português, a maioria com boa escolaridade, chegam a ser virulentos quando são confrontados por saberes mais elaborados . Uma boa amostra dessa virulência pode ser verificada nos comentários de leitores às colunas do linguista Sírio Possenti (Portal Terra).

Daí a necessidade de a escola fazer valer seu papel de espaço legítimo e insubstituível para qualificar o ensino de português na educação básica. Um dos seus principais desafios e uma das principais tarefas é criar condições para que os estudantes dominem registros cultos do nosso idioma, pelos quais é possível acessar parte considerável do conhecimento humano. E isso ganha mais sentido e qualidade quando os educadores se orientam por uma concepção pedagógica que privilegie uma educação linguística indagadora, centrada na leitura, na escrita, no estudo de gêneros discursivos, na derrubada de mitos, de preconceitos. Uma educação que confirme a alteridade e, portanto, a tolerância.

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