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O assunto de hoje é o uso do verbo "ter" com o sentido de "existir". Vamos nos localizar na questão retomando alguns usos que fazemos todos os dias: 1) TINHA umas 10 mil pessoas no show. 2) TEM dias que fico meio aborrecido. 3) TEM gente que não se toca. 4) Ainda TEM muito chão pela frente. 5) TINHA uns salgados deliciosos na festa.

Não restam dúvidas de que o verbo "ter", com o sentido mencionado, definitivamente caiu na boca do brasileiro, independentemente da classe social. Entretanto, embora plenamente solidificadas na língua falada (quem não usa?), as cinco construções do primeiro parágrafo e as duas do título desta coluna são consideradas erradas pela maioria dos gramáticos. Os versos de Drummond (No meio do caminho TINHA uma pedra) e de Chico Buarque (TEM dias que a gente se sente) são classificados como "licenças poéticas". Não vou entrar nessa questão. Mas prometo que outro dia falo sobre a tal da licença poética.

Há pelo menos um bom argumento dos gramáticos para sustentar que o uso do verbo "ter" nesses contextos está errado, que ele não pode assumir o sentido do verbo "existir"? Definitivamente, não. Trata-se de uma convenção sustentada pela maioria das gramáticas, usada em apostilas e livros didáticos e solidificada por todos os manuais de redação dos grandes jornais brasileiros. Aliás, seguimos essa regra na Gazeta do Povo.

Contudo, um grande número de estudiosos da nossa língua não aceita essa proibição. Cada vez mais se torna comum o uso desse verbo em textos formais e não apenas naqueles em que a "licença poética" é permitida.

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