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Acompanhei dois fatos esportivos marcantes no último domingo: a nova marmelada da Ferrari e a bela vitória do Atlético. Sobre a Fórmula 1, tudo já se disse sobre esse subesporte. A ordem para Felipe Massa deixar Alonso ultrapassá-lo e a obediência tranquila que se seguiu são desses cinismos exemplares que falam por si. As justificativas que se ouvem, com um sorriso de malandragem ou suposta inteligência – a Fórmula 1 é assim mesmo, tem muito dinheiro na jogada, eles correm em equipe, o importante é quem está na frente somar pontos, e por aí vai – são ofensivas ao mais elementar senso moral que nos move. O mais inacreditável é que a milionária federação que gere esse esporte multou em um punhado de dólares a Ferrari. Sim, eles levaram uma multa! Que, aliás, a Ferrari já deve ter pago rindo. Isto é, reconhece-se que houve fraude, mas ela pode ser paga – e fica tudo por isso mesmo.

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É incrível, mas talvez a legislação disciplinar do futebol tivesse algo a ensinar à turma que brinca de autorama. Num caso como esse, em que todos os detalhes da fraude estão documentados, retiram-se simplesmente os pontos ganhos pelos dois corredores, que além disso ficariam fora de uma ou duas corridas subsequentes. Não é o que acontece no futebol? Basta­­ria uma punição dessas para moralizar a coisa. O cronista é ingênuo? Acho que sim – mas é dessas ingenuidades simples e básicas que fazem bem.

Mas vamos falar de coisa boa: a maravilhosa recuperação do Atlético. Para quem vem sofrendo há muito tempo, ano a ano lutando para não cair, a partida contra o Santos já ficou marcada como uma das grandes alegrias da minha vida de torcedor. Que jogo bonito! E para não dizer que tudo era fogo de palha, a vitória mais difícil contra o Goiás mostrou mesmo que o Atlético está se encontrando e tem fôlego, time e categoria para muito mais.

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Duas vezes dois a zero. Foram quatro belos gols, mais uma dúzia de gols perdidos, e pondo na conta um gol fantástico de Bruno Mineiro, depois de Alex Mineiro ajeitar a bola com a mão. Pena que não foi na Copa do Mun­­do: lá teria valido. E, milagre, não levamos nenhum gol. Contra o Santos, porque eles praticamente não conseguiam chegar; contra o Goiás, levamos uma boa dose de sorte, com bolas na trave e rebatidas inverossímeis na pequena área duas ou três vezes – mas estava mesmo na hora de o Atlético ter um pouco de sorte nos momentos difíceis do jogo. O fato é que o time foi consistente nas duas partidas.

E o melhor: jogando bo­­nito, cadenciado, com elegância, sem pancadaria ou ataques de nervos. Foram dois jogos de poucas faltas – contra o Goiás, nenhum cartão amarelo. E a atenção permanente no jogo, que segura as vitórias até o último instante. Sim, sei que o futebol é a mais insegura das artes, as partidas se equilibram num fio de arame, mas aposto que esse Atlético vai longe neste ano.