Comida típica do Paraná, o barreado foi feito para sustentar os folguedos de Carnaval. Para tanta sustância, o “púcaro caiçara” é uma mistura de carnes bovinas com temperos verdes acondicionados em uma panela de barro, cuja tampa é barreada com uma miscelânea de farinha de mandioca, cinza e água, preparado aos panelaços para que ninguém precisasse trabalhar nos dias de folia, com sobras para a quarta-feira de cinzas.

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O samba, na terra de Dorival Caymmi, deixa a gente mole. No Paraná, o samba deixa a gente com fome enquanto bole. Daí nossa preferência pelos prazeres da mesa.

Os organizadores do Psycho Carnival deveriam convidar os mais notáveis mortos-vivos para o Banquete

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No Carnaval de 1884, por falta de carne no litoral os carnavalescos foram convidados para um bizarro banquete que, nos próximos carnavais, poderia constar do cardápio para a marcha dos mortos-vivos da Zombie Walkie, evento do Psycho Carnival que definitivamente entrou para o nosso calendário turístico - porque só em Curitiba para se reunir tantos zumbis ilustres quanto no salão de baile da Polícia Federal em Santa Cândida.

Publicado no jornal e distribuído de mão em mão na capital, em Antonina, Morretes e Paranaguá, o convite para o banquete de três dias e três noites veio assinado por um tal de Zébedeu:

“O primeiro dia será igual ao segundo e o segundo igual ao terceiro, e como, por um princípio estranho à matemática, duas coisas iguais a uma terceira são iguais em si, após o baile, que terminará à meia noite, recolher-se-ão todos à caverna dos petiscos, onde se achará preparada uma mesa de 200 talheres para dar pasto aos respectivos queixos. Só a variedade de iguarias fará vir água na boca. Veja lá se a coisa não aguça o apetite:

Menu do Banquete

Boa sopa de sapo terão todos / E também muita lesma com fartura. / De minhocas um bom molho se terá, / E mil moscas afogadas em gordura! / De ensopados camundongos abundância, / Boas tortas de barata catinguenta, / Das cascudas, descascadas, em conserva, / E muquecas da Bahia com pimenta! / De pulgas um piche será presente / Assim como também piolho frito; / E um gato escaldado mostrará / Como é bom com batata e mangarito! / Percevejo recheado com banana. / Pernilongo simplesmente fermentado, / Marimbondo temperado com azeite, / Carrapato levemente sapecado. / Jatutá do visgoso com farinha, / Perereca da graúda em boa banha, / Mucuim com forçura de galinha / Lagartixa misturada com aranha! / Baiacu, garoupa, badejeto, bagre, / Amborê, vinagre, timbucu, pescada, / Cação, robalo, parati, tainha, / Acará, sardinha, caçonete, espada! / Variedade completa - à escolha - para todos os gostos, todos os paladares! / Reunamo-nos todos e demos guerra de extermínio a essa Petisqueira. / Mostremos enfim que bem soubemos aproveitar o Carnaval de 1884. Assinado, Zébedeu”.

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Para o próximo ano, os organizadores do Psycho Carnival de Curitiba deveriam convidar os mais notáveis mortos-vivos da República para o Banquete do Zébedeu, com lugares marcados para Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Zé Dirceu e outros insepultos, sem esquecer o vice-presidente Michel Temer, o mais qualificado mordomo de vampiro fora do palácio da Transilvânia: usa antisséptico bucal porque tem bafo de morcego; seu coquetel preferido é o Bloody Mary; não bebe café para não perder o sono durante o dia; nunca deixou de ser político porque sua vocação está no sangue; e ficou decepcionado quando soube que não tem o mesmo tipo sanguíneo de Dilma Rousseff.