"A nossa esperança é de que ele não estaria no avião!", disse um dos pernambucanos que choram a tragédia em que perderam Eduardo Campos. Assim como eles, lá atrás paranaenses e catarinenses também foram abalados por desastres aéreos. Em julho de 1981, os irmãos Thomás Edison de Andrade Vieira e Claudio de Andrade Vieira morreram na queda de um avião que decolou de Curitiba e levou junto o futuro do Banco Bamerindus. Em 16 de junho de 1958, o primeiro grande acidente aéreo do Paraná, nas proximidades do Aeroporto Afonso Pena, vitimou o ex-presidente da República e então senador Nereu Ramos, o governador Jorge Lacerda e o deputado federal Leoberto Leal. Curitiba parou perplexa e Santa Catarina até hoje lamenta o acidente que transfigurou sua história.

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Quem devia estar entre as vítimas do avião prefixo PP-CEP, Convair 840 da Cruzeiro do Sul, procedente de Florianópolis, era o médico Lauro Müller Soares, pai do atual conselheiro do Tribunal de Contas Caio Soares. O casal Antonieta e Lauro Soares estava na lista de passageiros e seus nomes foram divulgados como mortos.

Em 1958, Lauro Soares era prefeito de Porto União (SC), onde exerceu o cargo por três vezes. Foi ainda vice-prefeito de União da Vitória (PR), chegando a ser deputado no Paraná. Colega de turma do também médico Juscelino Kubitschek, quando o ex-presidente da República visitou União da Vitória e Porto União, entre sua eleição e posse, dormiu na cama de Caio Soares.

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Naquele fim de semana (14 e 15 de junho), Lauro Soares havia participado da convenção do PSD em Florianópolis. Com as passagens no bolso, o casal passeava pelo centro de Florianópolis quando dona Antonieta pediu para o marido adiar para o dia seguinte a viagem de avião para Curitiba, porque pretendia comprar as famosas rendas da ilha. Os bordados e rendas de bilro da Lagoa da Conceição trazem sorte.

No dia 17 junho, as cidades gêmeas acordaram de luto: Antonieta e Lauro Soares estavam entre as vítimas do avião que caiu em São José dos Pinhais. Mas e agora? Quem levaria a notícia ao Caio Soares que, naquele dia, era o único filho do prefeito que estava em casa? Amigos, autoridades e correligionários, reunidos na prefeitura, decidiram: o coronel Gerson de Sá Tavares, comandante do 5.º Batalhão, seria portador do infortúnio.

No espaço de tempo entre o militar descer da viatura e subir as escadas até o segundo andar, o telefone n.º 260 chamou e Caio Soares foi atender: "Caio, é o pai! A tua mãe inventou de comprar rendas de bilro na Lagoa da Conceição. Só chegaremos em casa amanhã, e de automóvel!"

Naquele momento, o coronel Gerson de Sá Tavares apertou a campainha da casa. O filho se despediu do pai e foi atender a porta, sendo abraçado pelo militar: "Caio, uma tragédia!"

Até hoje Caio Soares guarda com carinho as passagens aéreas em nome de Antonieta e Lauro Soares. As rendas de bilro foram guardadas com mais carinho ainda.

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