Não foi Luiz Inácio Lula da Silva que proclamou a independência da República de Curitiba. Muito antes de Sergio Moro tornar a cidade um paradigma da Justiça, Curitiba era exemplo de civilidade e planejamento urbano.
Num Brasil diferente – para lembrar o nosso saudoso Wilson Martins –, tudo nesta Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais deve estar no seu devido lugar. Se não está, temos humildade para reconhecer, é por falha nossa. Nós, os curitibanos, somos tão ordeiros que fazemos fila até para pular poça d’água; somos tão metódicos na loucura que as caminhadas peripatéticas do Vampiro de Curitiba têm hora marcada; somos de tal maneira avançados que nossos arquitetos fizeram da galeria da Praça Osório a primeira linha do metrô de superfície do Brasil; somos tão organizados que até dois anos atrás Curitiba tinha nove urbanistas a cada dez habitantes e hoje contamos com oito juristas em cada dez cidadãos, sendo que, dos dois restantes, um é urbanista e o outro é juiz.
Até dois anos atrás Curitiba tinha nove urbanistas a cada dez habitantes; hoje contamos com oito juristas em cada dez cidadãos
Dentro desse contexto – com a “Cidade Sorriso” deixando de ser uma referência urbana para se consagrar como uma referência jurídica –, no fim do ano devemos escolher o próximo prefeito. O prefeito da República de Curitiba, com atributos de chefe de Estado.
Contando com o apoio de expressivo eleitorado de irrenunciável paixão curitibana, o Partido do Pão com Banha (PDPCB) vai lançar a candidatura de Carlos Fernando Mazza a prefeito da República de Curitiba. Oriundo de boa cepa de Paranaguá, Mazzinha só não é uma unanimidade na cidade por suas origens no Alto da Glória. Irmão do jornalista Luiz Geraldo Mazza, o candidato Pão com Banha é o filho mais novo de uma generosa família italiana que, como se fosse um paradoxal fenômeno genético, chegou a ser presidente da Escola de Samba Não Agite com apenas 17 anos.
Sem desmerecer o juiz Sergio Moro e ignorar a corrupção, Mazzinha tem o espírito talhado para empunhar a bandeira da República de Curitiba, com seus melhores defeitos e piores qualidades: bem-humorado, espirituoso, generoso, agregador, vacinado do mal da inveja e, principalmente, avesso à intolerância, o candidato do Partido Pão com Banha tem como uma de suas propostas de governo erguer no Passeio Público, o parque do coração da cidade, o Vagão do Armistício da República de Curitiba. Um centro de ressocialização política. Ponto de encontro de antagonistas, espaço democrático para reunir em torno de uma mesma mesa prós e contras, pica-paus e maragatos, carnívoros e vegetarianos, sogras e genros, coxas e atleticanos, petistas e tucanos. Versão revista e ampliada da Boca Maldita, desprovida de rancores e ressentimentos.
O segredo do bem-estar de uma cidade é o convívio das diferenças. Só a tolerância nos faz aceitar e tratar bem o vizinho de cerca, apesar dos seus defeitos. No atual deserto de virtudes, o Partido do Pão com Banha prega aos eleitores de boa vontade a palavra do Senhor: “Continuem a suportar uns aos outros e a perdoar uns aos outros liberalmente, mesmo que alguém tenha razão para queixa contra outro” (Colossenses 3,13).