Sou homem. Nunca sentirei na pele a discriminação por ser mulher. Talvez nem mesmo tenha moral para dizer algo sobre o assunto, pois já dei minhas escorregadas nessa seara – afinal, vivemos num mundo machista e é difícil escapar disso. Mas a discussão sobre a igualdade entre os sexos – sempre lembrada no Dia Internacional da Mulher, celebrado na terça-feira – também interessa aos homens. E há cinco bons motivos para isso:
1. Porque não quero que outros tenham mais direitos do que eu
Essa é a motivação do princípio da igualdade perante a lei, em qualquer circunstância. Se fico indignado quando vejo políticos e autoridades desfrutarem de benesses ou me revolto ao perceber que pessoas menos capazes que eu conseguem ascensão profissional apenas porque têm “padrinhos”, tenho obrigação de me posicionar a favor da igualdade de direitos entre homens e mulheres. Ou então terei de admitir a hipocrisia de meu discurso: ele é apenas em causa própria; se estivesse na condição de privilegiado, mandaria a ideia da igualdade às favas. Antes de finalizar, um ponto importante contra o argumento de que homens e mulheres são naturalmente desiguais: ninguém é igual a ninguém. Nenhum homem é igual a nenhum homem. A igualdade de direitos é, antes de tudo, uma escolha política. Nós é que decidimos que tem de ser assim.
Ninguém gosta que qualquer um determine o modo como você tem de agir, se portar, pensar
2. Porque quero ser livre
Obviamente, na vida em comunidade há limites que não devem ser ultrapassados em nome do bom convívio social. Mas, desde que eu não atrapalhe a vida de ninguém, em tese poderia fazer o que quisesse e tomar decisões por conta própria. Afinal, ninguém gosta que qualquer um determine o modo como você tem de agir, se portar, pensar. Quando eu concebo que algum comportamento feminino, que em nada me prejudica, deve ser restringido apenas porque eu não gosto dele, abro brecha para que a minha própria liberdade seja limitada por aqueles que não apreciam o meu estilo de vida.
3. Porque não gosto de autoritarismo
Pessoas autoritárias exigem que sua vontade seja atendida, nem que seja à força. Há apenas uma diferença de escala entre o homem que agride a mulher (física ou verbalmente) quando não tem seus desejos atendidos e o ditador que persegue quem discorda de seu governo.
4. Porque quero que me vejam pelo que sou, não pelo que tenho
A desigualdade entre os sexos concentra o poder nas mãos dos homens. Quando elas não trabalhavam, até meados do século passado, o poder masculino se assentava na condição de ser o provedor da família, de ser quem paga as contas. As esposas insatisfeitas, agredidas, humilhadas estavam presas a essa realidade. Como elas não tinham formação profissional, a própria sobrevivência de uma mulher sozinha era muito difícil. Prosseguir num casamento que não dava certo passava, então, a ser uma necessidade. E uma prisão. Isso mudou com a entrada da mulher no mercado de trabalho – quando ela passou a poder escolher seu destino. Não é coincidência que o divórcio tenha sido instituído em praticamente todos os países ocidentais após esse processo de emancipação feminina. Dito tudo isso, o ponto central aqui é perceber que, num relacionamento entre homens e mulheres sob essas condições, um elemento essencial é o poder masculino, a despeito da possibilidade de haver afeto. E esse poder é algo que o homem tem; não o que ele é. Assim, sempre vai pairar uma dúvida: ela está com ele pelo que ele é ou pelo que tem? Numa relação de igualdade, essa questão se dissipa.
5. Porque não quero ficar preso a estereótipos
O mundo machista é construído sobre um conjunto de estereótipos de comportamento. Basta ver um comercial de cerveja: é o “pegador”, o “macho alfa”. E quem não é assim faz o quê? Se joga do prédio? Os estereótipos machistas podem se tornar uma camisa de força para os homens – mesmo para os que discordam deles.
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