O time do Barcelona ga­­nhou no último sábado a Liga dos Campeões da Europa e encantou o mundo com a beleza do futebol apresentado. Diversas análises táticas foram feitas mostrando o que esse time tem de especial. Alguns comentaristas de fora da esfera esportiva, contudo, foram além e viram no Barça, como o clube é carinhosamente apelidado, um modelo de organização de sucesso. Um modelo que pode ser replicado em empresas, comunidades e até mesmo para uma nação inteira.

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Talvez a análise mais reveladora tenha sido o do blog Schum­peter, da renomada revista inglesa The Economist, dedicada normalmente à economia. O texto sugere que o Barça é grande porque aposta fortemente na formação de seus próprios jogadores e no desenvolvimento pessoal deles ao longo da carreira. Dos 11 titulares, oito foram formados nas categorias de base do clube – inclusive o argentino Messi, que se mudou para Barcelona ainda menino. É exatamente a aposta contrária a que tem sido feita por parte expressiva dos outros grandes times europeus: investir em astros já formados para montar equipes vencedoras.

The Economist traça um paralelo com o mundo dos negócios, lembrando que nem sempre as empresas que contratam as estrelas do mercado conseguem bons resultados. Em grande medida porque eles não necessariamente comungam dos mesmos valores das organizações da qual fazem parte, embora individualmente sejam competentíssimos.

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Valores, por sinal, é o que faz do Barça o Barça, diz a análise da revista. Os meninos que entram na escola de futebol do Barcelona desde cedo são instruídos da importância do espírito de equipe, da perseverança e do autossacrifício. E, mais importante, aprendem que "O Barcelona é mais que um clube" – lema que exprime a ideia de que o time representa todo o povo catalão, uma comunidade dentro da Espanha que não se sente espanhola.

Além disso, o clube não é propriedade de um magnata ou de um grupo de investidores, cujo objetivo principal é o lucro financeiro. O Barça pertence a 150 mil sócios que pensam tão somente no desempenho do time.

Sua gestão, em certo sentido, lembra ainda a antiga democracia direta da Grécia Clássica: a diretoria responde a um conselho formado pelos 600 sócios mais antigos e por outros 2,5 mil sorteados aleatoriamente.

The Economist não chega a tanto, mas pode-se dizer que o Barça sintetiza o que é uma nação vencedora. O clube tem um povo (sua torcida) que divide um sentimento comum (a identidade catalã). Seus valores são catalisados para um mesmo objetivo (as vitórias esportivas). E, para chegar nelas, decidiu construir seu próprio caminho ao investir na formação de suas equipes (a educação) e não em soluções prontas vindas de fora. Tudo decidido democraticamente. O sucesso do clube mostra que a aposta foi correta.

Correção

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Cometi um equívoco na coluna da semana passada. Chamei de Robert Kennedy o ex-presidente dos EUA que lançou o desafio de levar o homem à Lua. Na verdade, o nome dele era John Kennedy.