Da hora de acordar até a de dormir. E até mesmo durante o sono. São poucos os momentos em que o homem contemporâneo não recorre a alguma tecnologia desenvolvida pela corrida espacial. Transmissão televisiva de notícias ou do futebol dos domingos. Previsão do tempo. Notebook. GPS. Travesseiro da Nasa. Ou simplesmente o tênis com amortecimento. Tudo isso teve um dedo do esforço para levar o homem à Lua.
Talvez muitas dessas inovações nem sequer existissem sem a decisão política de deslanchar a jornada lunar. Foi há exatos 50 anos, num 25 de maio como hoje, que o então presidente dos Estados Unidos Robert Kennedy fez o famoso discurso em que anunciou a intenção de enviar astronautas à Lua e trazê-los de volta sãos e salvos até o fim da década de 60.
Os americanos cumpriram o que prometeram dentro do prazo, em 1969. E deixaram uma série de ensinamentos de como um país pode levar adiante um grande empreendimento nacional: ter um objetivo claro; envolver a sociedade num esforço que a faça sentir-se melhor do que antes; respeitar os compromissos e prazos; apostar no conhecimento; e dividir os benefícios do projeto com toda a população.
O objetivo central do projeto lunar era, antes de tudo, geopolítico: a União Soviética estava à frente na corrida espacial e os EUA precisavam evitar que o céu estrelado fosse um domínio dos inimigos. Isso, por si só, talvez garantisse a adesão da sociedade ao projeto. Mas o esforço aeroespacial foi muito além. A conquista da Lua trazia em si a ideia-força da superação dos limites da humanidade. Era um empreendimento americano. Mas também de todos os homens.
Implícito naquele discurso de Kennedy havia ainda o firme compromisso de atingir o objetivo. A palavra empenhada tinha de ser cumprida. Ou seja, a meta havia de ser cumprida no prazo. Ou a nação mais poderosa do planeta se sentiria envergonhada.
Por fim, o governo americano de certa forma democratizou o imenso conhecimento científico que adquiriu no projeto espacial ao se aliar à iniciativa privada e permitir que ela desenvolvesse produtos com as novas tecnologias. E isso fez com que a população fosse diretamente beneficiada.
Ainda hoje é válido esse breve roteiro de como atingir um grande objetivo nacional e o que fazer com ele depois disso. Poderia ser usado nos três grandes projetos que o Brasil tem atualmente: a erradicação da pobreza e a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada. Infelizmente, parece que os dirigentes brasileiros, ao menos em parte, decidiram escrever um script alternativo.
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