A troca de informações é condição fundamental para qualquer tipo de avanço – seja pessoal, institucional, de nações. Um professor ensina o aluno transmitindo o que aprendeu. A imprensa de Gutenberg propiciou, a partir do século 15, a disseminação do conhecimento como nunca antes havia ocorrido. Isso permitiu o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da economia – num processo que se acelera cada vez mais com a invenção de novos meios de comunicação. Poucos se dão conta, porém, de que até mesmo a evolução biológica – e a vida, por consequência – também depende do intercâmbio de informações contidas na carga genética de todo ser vivo.

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Esse é um argumento definitivo em favor da miscigenação de etnias e, por oposição, contra qualquer forma de eugenia e racismo. Somente pela mistura racial é que as características que tornam os humanos mais aptos à sobrevivência (aquelas que propiciam mais saúde) podem se espalhar para comunidades de indivíduos que não as possuem.

Agrupamentos sociais fechados, com muitos casamentos consanguíneos, tendem a ter mais casos de má formação e de doenças. A culpa é da pouca variabilidade genética. O tabu do incesto tem essa mesma origem natural: impedir o nascimento de bebês defeituosos. A ideia de raça superior, portanto, não tem qualquer base biológica. Ainda assim, a cultura muitas vezes trata de transformá-la em pretensa verdade.

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Um estudo do biólogo Lior Pachter, da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, recoloca o valor da miscigenação no seu devido lugar. A pesquisa indica que é um povo misturado – o porto-riquenho – o mais "perfeito" do ponto de vista genético. Ou seja, aquele que agregou mais genes "bons" e "saudáveis" de diferentes povos, especialmente dos espanhóis, indígenas e negros.

Por sinal, Pachter decidiu pesquisar o assunto justamente após sentir-se desconfortável com comentários racistas e homofóbicos que ouviu de James Watson, cientista que ganhou o Prêmio Nobel justamente por decifrar a estrutura em hélice do DNA e de interpretar a vida como transmissão de dados genéticos.

Watson não soube, porém, compreender a extensão social do que havia descoberto. Mas o fato é que a mistura racial e genética é algo bom. Essa é uma informação que deve ser transmitida para assegurar a evolução das sociedades humanas.

PS.: a Gazeta do Povo publicou na terça-feira uma reportagem que relata o estudo do biólogo Lior Pachter. O material pode ser acessado pelo link: http://bit.ly/135j8Cn.

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