O começo da propaganda política no rádio e na televisão, na próxima semana, vai despertar a população para as eleições. Talvez elas "roubem" a atenção de outra discussão importante que ocorrerá paralelamente à campanha e da qual depende o futuro da qualidade de vida em Curitiba: a revisão do Plano Diretor. É bom ficar atento: existe a possibilidade de que a capital que saia desse debate seja uma cidade com muito mais áreas onde é possível erguer arranha-céus. Mas será que precisamos de tantos prédios altos?
Do ponto de vista estritamente numérico, a resposta é não. Um estudo conduzido pelo arquiteto Luiz Henrique Fragomeni, professor da UFPR e ex-presidente do Ippuc, indica que a cidade tem áreas liberadas para a edificação que, se completamente ocupadas, permitiriam que Curitiba tivesse 6 milhões de habitantes. Como a capital tem atualmente 1,8 milhão de moradores e um moderado ritmo de crescimento, a conclusão é de que haverá espaço suficiente para abrigar os novos curitibanos por muitíssimo tempo.
A última modificação do Plano Diretor permitiu a construção de prédios ao longo de vias como a Avenida das Torres, a Marechal Floriano, a Wenceslau Brás e a Linha Verde que se somaram às chamadas vias estruturais, onde edificações maiores já eram permitidas (João Gualberto/Paraná, Sete de Setembro/República Argentina e Padre Anchieta/Dep. Heitor Alencar Furtado).
Quem circula pela cidade ainda não vê os novos eixos de adensamento intensamente ocupados por edifícios. Apesar disso, um dos assuntos que está no ar nas discussões sobre a revisão do Plano Diretor é justamente ampliação das áreas em que seria permitido aumentar o tamanho dos prédios. Fala-se especificamente do Batel e das Mercês, bairros altamente valorizados no mercado imobiliário. Obviamente, há um interesse comercial envolvido: um apartamento no Batel vale muito mais que um imóvel do mesmo padrão na Linha Verde.
Mas o debate tem de envolver mais que questões comerciais. Edifícios altos tiram o sol dos imóveis vizinhos e aumentam a densidade populacional trazendo evidentes impactos no trânsito do entorno (com mais moradores em determinado local, há mais carros circulando pelas ruas). Por outro lado, é verdade que incentivar a verticalização de regiões com boa oferta de serviços públicos representa economia aos cofres públicos, pois não é preciso fazer investimentos em novas áreas de ocupação. Enfim, é um bom debate que não pode ser esquecido por causa das eleições.
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