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Francisco Camargo

Entre o poder e a glória

Quem citou Mussolini, en passant, aliás, foi Carlos Heitor Cony, semanas atrás. Pinçou uma frase do ditador:

– Não é difícil governar os italianos. É inútil.

Em tom de blague, é ótima. Só isso. Mas, nesses tempos bicudos, talvez seja aconselhável lembrar o Benito. Ele acabou num posto de gasolina.

Não, não como frentista, esclarece Natureza Morta, acalmando Beronha, já indócil no partidor. Mussolini foi executado por partisans, juntamente com a amante, Claretta Petacci, na derrocada do regime fascista.

O figura, que gostava de ser chamado de Il Duce (O Condutor), chefiou o governo italiano de 1922 a 1943. Deu com os burros n’água em 1945. Ao tentar escapar para a Suíça, acabou nas mãos dos guerrilheiros, julgado sumariamente e fuzilado, ao lado da mulher. Os corpos foram pendurados de cabeça para baixo, em um posto de gasolina, em Milão.

Fanfarrão, arrogante e bufo, Benito Amilcare Andrea Mussolini sonhava com a volta do poder imperial romano. Ele à frente, é claro. Invadiu a Abissínia (Etiópia), interveio na Guerra Civil Espanhola (ou Guerra de Espanha, como preferem historiadores espanhóis) para ajudar o generalíssimo e boníssimo Francisco Franco e anexou a Albânia. Ao firmar um pacto com a Alemanha de Hitler, colocou a Itália a reboque de outro grande espiroqueta. O país virou uma das chamadas potências do Eixo. O verdadeiro eixo do mal.

Mussolini militou no Partido Socialista, do qual acabou expulso. E marchou para a extrema direita, até a Fundação do Partido Nacional Fascista, rumo à tomada do poder. Em 1922 tinha promovido a marcha sobre Roma. Dera resultado. Convidado pelo Rei Vítor Emanuel para formar um novo governo, recebeu carta branca do Parlamento, poderes totais. Com isso, no ano seguinte vieram o Grande Conselho Fascista e as Squadre d’Azione, ou Milizia Volontaria per la Sicurezza Nazionale. Em dois anos o ovo da serpente estava no ponto. Não seria para omelete.

É por isso – fanfarronadas, macarronadas e carteiraços, além dos "esquemas" de hoje – que Beronha elegeu outra figura como seu possível ídolo. Um tal de Chnemhotep. Natureza dá a ficha: era um caboco que viveu no Egito entre 1.300 e 1.400 a.C.

Confiram o pedigree. "Alto funcionário, sacerdote e amigo do Faraó", conforme os hieroglifos, o diário oficial da época. Chnemhotep é mostrado, na parede de sua tumba, pescando e caçando aves perto de sua mulher, de sua concubina e do filho. Novamente é representado em cima da porta, apanhando aves, agora com o auxílio de uma rede, método de caçada egípcio.

– Ué, ainda não tinham inventado o estilingue, a setra?

Natureza ignora Beronha e, após breve pausa, prossegue:

– Nosso amigo tinha um "cartão" que era um ultimato. Confiram:

Chnemhotep

Administrador do Deserto OrientalPríncipe de Manat ChufuAmigo Confidencial do FaraóConviva RealSuperintendente dos SacerdotesSacerdote de HoroSacerdote de AnúbisChefe de Todos os Segredos DivinosMestre de Todas as Túnicas

Beronha, assustado:

– Não era pouca porcaria...Tanto que até hoje dá carteiraço em desavisados arqueólogos.

Francisco Camargo é jornalista.

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