Dezoito de abril de 1993. Pelo Campeonato Paranaense daquele ano, Atlético e Apucarana tinham confronto marcado para o Pinheirão, aquele antigo estádio que, você sabe, foi construído sobre um cemitério indígena (daí todos os males detonados pela praça esportiva). O Rubro-Negro vivia aquela fase terrível do início dos anos 90, acompanhado pelo rival Coritiba, também numa draga. Para piorar, viam o Paraná, ainda nas fraldas, decolando vertiginosamente rumo ao destino traçado de "clube do ano 2000".
Cenário de dureza que afastou a torcida atleticana do time. Para o confronto com a representação do interior, somente 1.930 encararam a "viagem" até o Pinheirão sim, na Curitiba de 20 anos atrás o bairro Tarumã era considerado a léguas de distância do Centro.
O escrete rubro-negro era um mix de jogadores de segunda linha, pratas da casa e medalhões em baixa. O lateral-esquerdo Guni era a potencial revelação do conjunto treinado por Procópio Cardoso. O zagueiro Leonardo, o volante Éder Lopes e o atacante Vivinho pertenciam ao último grupo, dos atletas que já não desfrutavam de espaço nos "grandes centros". Sobravam como destaques o lateral-direito Maílson e o meia Carlinhos, por motivos diferentes. O baiano Maílson, reza a lenda, teria vindo de Salvador para atuar no Furacão no volantinho de um possante buggy 2.300 quilômetros de vento nos cabelos. Carlinhos, por sua vez, era o apelidado Sabiá. Camisa 10 de canela fina e futebol refinado. Não fosse por ele e a vida dos rubro-negros no período teria sido bem pior.
Bola pererecando no Terreno Místico de Onai (homenagem aos poderes sobrenaturais de Onaireves Nilo Rolim de Moura, pai do Pinheirão e presidente da Federação Paranaense de Futebol) e o Atlético não deu nem tempo para o Apucarana se ambientar. Com apenas 8 minutos, Renaldo, que hoje é aquele, mas na ocasião era o "Reinaldo sem a letra i", partiu pela direita e cruzou para Vivinho desviar na primeira trave do goleiro Jonas: 1 a 0. O segundo gol veio logo em seguida, após confusão na área digna de Dedé, Didi, Mussum e Zacarias que resultou em pênalti. Renaldo cobrou e ampliou, placar da etapa inicial.
Na volta do intervalo, logo aos 4 minutos Marco Antônio anotou o terceiro, após tabela esperta com Carlinhos, tocando na saída do goleiro. Os visitantes até que se engraçaram um pouco, ameaçando a meta do goleiro Gilmar. Mas nada feito. Até que, aos 26, Renaldo partiu para o abraço novamente. Jogada de Carlinhos e Marco Antônio que o camisa 9 completou.
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