Que tempos incríveis vivemos. Eu, prestes a completar 36 anos de idade, me sinto como se estivesse na minha infância, ali no fim dos anos 80, começo dos anos 90. Não que eu seja um desses sujeitos que insiste em duelar contra o tempo. Pelo contrário. Na verdade é o tempo que hoje se choca contra todos nós. Senão, vejamos.

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Na verdade é o tempo que hoje se choca contra todos nós

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Quando eu era guri, a inflação era descontrolada e o desemprego todo mês alcançava níveis alarmantes. A Polícia Militar havia agredido professores, que reivindicavam seus direitos em uma manifestação no Centro Cívico. As contas dos governos federal, estaduais e municipais não fechavam. A penúria no serviço público era geral – faltar médicos em postos de saúde e escolas públicas caindo aos pedaços eram regra.

Um pouco mais adiante, no início da minha adolescência, um escândalo sem proporções bateu à porta da Presidência da República. O que fez com que todos nós aprendêssemos o significado de uma palavra estranha chamada impeachment.

Ainda no campo político, os sobrenomes dos mandatários não costumavam variar muito no poder.

Em Curitiba, a prefeitura começava a implantação de ciclovias pela cidade para incentivar o uso de bicicletas pela população. Mas a coisa acabou não emplacando. Ficou pelo caminho.

Na televisão, o personagem de Cássio Gabus Mendes na novela das oito era traído pela esposa, interpretada por Glória Pires, em um enredo recheado de personagens inescrupulosos.

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No campo da bola, a seleção brasileira, recheada de “craques” duvidosos, não inspirava muita confiança. A dupla Atletiba não vencia nem duelo de par ou ímpar. O Colorado, que mais tarde se uniria ao Pinheiros para formar o Paraná Clube, lutava para não fechar as portas por falta de dinheiro.

Naquela época, a gerência dos times em todo o país era uma completa bagunça orquestrada pelos cartolas, os quais se perpetuavam no comando, enquanto a violência entre as torcidas se proliferava sem o poder público fazer nada e o tapetão definia os rumos do futebol nacional.

Na Copa do Mundo de 1990, a Alemanha, um time que se destacava pelo conjunto de seus jogadores, vencia na decisão a Argentina, que chegara à final graças ao talento de um gênio da bola de perna esquerda endiabrada.

Agora, voltemos ao tempo atual. Não precisa nem flashback. Basta fazer um control C, control V mental de tudo isso que está escrito acima e, como uma espécie de Marty McFly a bordo de seu DeLorean no filme De volta para o Futuro, retornamos a 2015. Os velhos tempos estão de volta.