O Dia dos Pais é só daqui a cinco meses. Mas me adianto à data porque desde o ano passado passei a viver rodeado de novos pais. No momento, são quatro amigos “grávidos” e outros quatro que pela primeira vez estarão do lado de lá do balcão no próximo dia 9 de agosto com seus filhos nascidos recentemente. Uma rapaziada ponta firme, que, assim como todos os pais do Brasil, merecia bem mais do que os míseros cinco dias úteis de licença-paternidade que nossa legislação concede para que se dediquem aos filhos em seus primeiros dias de vida.
Digo isso porque cada vez que um amigo me diz que vai ser pai me lembro de uma cena que presenciei em Estocolmo há três anos. Eu havia ido à capital da Suécia para cobrir um amistoso da seleção na última partida do velho Estádio Rasunda, que seria derrubado para a construção de um condomínio residencial e onde um guri de 17 anos assombrou o mundo com dois gols na final da Copa de 1958, sendo um deles uma pintura, com direito a chapéu no zagueiro. O autor dos gols, um adolescente que seria conhecido por Pelé, nem sequer sonhava em ser pai naquela época, mas a Suécia já era um exemplo em termos de leis familiares.
Um dia antes do jogo, uma terça-feira de tarde, por volta das 16 horas, parei em um café para enviar a matéria do treino e fiquei surpreso com a quantidade de homens embalando ou brincando com crianças na praça ao lado. No café, parecia que o único preocupado em cumprir um prazo era eu, que também era dos poucos sem uma criança a tiracolo. Uma cena não muito usual para nós, brasileiros.
Eu pagaria para ver os marmanjos dos meus amigos reunidos para brincar com seus filhos ao ar livre em um dia de semana qualquer
Aquilo me chamou tanta atenção que perguntei a um deles, na mesa ao lado, que segurava um loirinho de uns 2 anos, se era feriado no país. O rapaz ajeitou o gurizinho que carregava no colo e me respondeu que não, que era um dia normal, e provavelmente a maioria daqueles caras estava na mesma situação que a dele: aproveitando a licença-paternidade para curtir os filhos.
Na Suécia, a licença é parental, ou seja, pai e mãe têm direito ao benefício. O casal pode se afastar legalmente do trabalho por até um ano e quatro meses, sendo 60 dias obrigatórios para ambos e o restante podendo ser dividido como os pais bem entenderem.
Uma realidade bem distante da nossa; ainda não estamos acostumados a ver homens correndo atrás de crianças em uma praça, a não ser que seja fim de semana. O que é uma pena. Porque eu pagaria para ver os marmanjos dos meus amigos reunidos para brincar com seus filhos ao ar livre em um dia de semana qualquer. O que, infelizmente, não é possível de se fazer com apenas cinco dias de vida de um bebê.
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