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marcos xavier vicente

Postais do Guga de Paris

Acompanhar as mídias sociais do Gustavo Kuerten, o Guga, nos últimos dias tem sido bem divertido. No dia 3 de dezembro agora, o catarinense festeja 15 anos do maior feito de sua carreira: a conquista do topo do ranking mundial, quando venceu o Masters Cup de 2000, disputa que reúne os oito melhores tenistas a cada temporada.

Para comemorar o feito de ter sido o número 1 do mundo, alcançado nas quadras de Lisboa, em Portugal, Guga tem postado uma série de fotos e curiosidades da carreira. Como imagens dos cartões postais que enviou à família de Paris em 1991, aos 15 anos, quando foi disputar o primeiro torneio internacional da carreira, e onde alguns anos mais tarde se tornaria rei, com direito a ser reconhecido pelos franceses nas ruas.

No primeiro postal, a reprodução de um quadro do Museu do Louvre, o maior tenista brasileiro de todos os tempos manda uma mensagem singela à mãe e aos irmãos, dois anos após perder o pai – na época, o irmão mais velho teve de deixar as quadras porque a família não tinha condições de pagar os treinamentos para os dois. O texto é curto e terno.

Talvez o sorriso do Guga de 2000, aos 24 anos, fosse o mesmo do Guga de 1991, ainda guri

“Este é um quadro do Museu do Louvre. Como este, existem mais milhares de quadros, mas esse eu achei lindo e resolvi mandar pra vocês”, escreve Guga no primeiro parágrafo, para na sequência ser quase profético. “Eu sou um jogador de tênis do Brasil, como eu existem milhares de jogadores iguais. Só que eu acho que posso ser o número 1. Por isso estou treinando muito e dando tudo de mim. Um beijão para vocês, para toda a família”, finaliza.

Em outro postal de 1991, Guga conta à família das partidas a que assistiu no complexo de Roland Garros, torneio que o eternizaria na Cidade Luz com o coração desenhado na quadra após a conquista do terceiro título do Grand Slam francês (1997, 2000 e 2001). E se deslumbra com os ídolos que assistiu em quadra, entre eles o americano Andre Agassi, o qual venceria nove anos depois no próprio Masters Cup de Lisboa.

O tenista adolescente também não deixa de curtir as coisas da idade: no mesmo cartão postal, escreve empolgado para o irmão dizendo que comprou dois CDs do cantor jamaicano Bob Marley. “A loja tinha cinco andares. Era incrível”, escreve, com a letra ainda infantil. No fim, ainda brinca: “Tive de dar autógrafos em Rolland Garros”, mal sabendo que isso se tornaria de fato praxe.

Na foto que postou com os outros sete tenistas do topo do ranking mundial de 2000, antes da disputa do Masters Cup de Lisboa, Guga é o único que parece não estar desconfortável. Na foto oficial do torneio, todos de terno e gravata, não é só o brasileiro que está sorrindo. Mas ele é visivelmente o mais feliz de estar ali, com um sorriso aberto entre os enfadados Andre Agassi e Pete Sampras – o catarinense é o único tenista da história a vencer os dois gigantes americanos na mesma competição.

Talvez o sorriso do Guga de 2000, aos 24 anos, fosse o mesmo do Guga de 1991, ainda guri: o de esperança, sentimento que volta a ser necessário na cidade em que o brasileiro é ídolo.

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