Quando conquistou cinco dos seis prêmios Grammy Awords a que foi indicada em 2008, Amy Winehouse havia vendido seis milhões de cópias de seu segundo disco, Back to Black. O álbum, que completa dez anos em outubro, foi o mais comercializado na Grã-Bretanha em 2007 e chegou às paradas de sucesso de 23 países.Com apenas 24 anos, a cantora inglesa havia lucrado 10 milhões de libras com o segundo trabalho da carreira, o que a conduziu ao hall dos artistas mais bem pagos do Reino Unido.
Rehab foi o carro-chefe de Back to Black. A música conta a negativa da cantora em ser internada para tratar da dependência química.
Em crise criativa desde o disco de estreia, Frank, de 2003, muito por culpa do vício, Amy Winehouse estava na lista de dispensas da gravadora Island Records quando começou a produzir o álbum que a catapultaria à fama. A gravação de Back to Black chegou a ser interrompida em 2005 para que ela se recuperasse de um dos tantos abusos com drogas. Até que a cantora surgiu com Rehab, que a salvou de ser descartada do estúdio, mas também colaborou para seu fim trágico - Amy Winehouse foi encontrada morta em seu apartamento, em Londres, em 23 de julho de 2011, vítima de overdose.
Dali por diante, foi só derrocada. Amy Winehouse não produziu mais nada
Pelo que é mostrado em Amy, o pai da cantora, Mitch Winehouse, tem mesmo motivo para estar descontente com o filme, que se tornou o documentário mais assistido da Grã-Bretanha, indicado ao Oscar de 2016 e que entrou no catálogo do Netflix recentemente. O filme, do diretor Asif Kapadia, mostra o impacto que a decisão de Mitch Winehouse de não interná-la antes da conclusão de Back to Black teve na carreira de sua filha. Uma chance de ouro desperdiçada, conforme enfatiza Nick Shymansky, ex-produtor e melhor amigo de Amy Winehouse, no filme.
Ao perceber que Amy Winehouse estava fora de controle, Shymansky tentou interná-la em uma clínica. Inicialmente a cantora achou a ideia absurda. Acreditava que poderia resolver o problema do consumo de drogas sozinha. Depois, por insistência dos amigos, topou o internamento, desde que tivesse o consentimento do pai – figura ausente desde a infância da cantora, mas de peso nas decisões dela. Como Mitch Winehouse não gostou da ideia da clínica de reabilitação, já que atrapalharia a gravação do disco, ela não foi para o tratamento. Na letra de Rehab, Amy cita que o próprio pai não a deixou ser internada.
Shymansky tinha consciência de que a internação não era garantia nenhuma de que Amy Winehouse largaria de vez as drogas. Afinal, dependentes químicos muitas vezes precisam de várias passagens em clínicas de reabilitação até ficarem limpos de fato. Mas o produtor enfatiza no filme que a internação antes da gravação do disco seria o passo mais importante para o bem da cantora, ainda mais pelo momento. Até então, a amiga de Shymansky era uma pessoa normal, que começava a despontar no cena musical londrina, mas que ainda não tinha um verdadeiro batalhão de paparazzi na sua cola, o que anos mais tarde só agravaria tudo.
A situação pioraria ainda mais com o relacionamento com Blake Fielder, um entregador de panfletos da boate que a cantora frequentava e que se tornou o marido dela. Foi Fielder quem a introduziu no consumo de heroína e de crack. Dali por diante, foi só derrocada. Amy Winehouse não conseguiu produzir mais nada. Vivia apenas para se drogar. E a carreira saiu dos discos para as capas dos tabloides.
Se tivesse aceitado a internação proposta pelo amigo em 2005, talvez Amy Winehouse não tivesse gravado seu álbum de maior sucesso. Mas, quem sabe, ainda estaria viva para espalhar seu talento em mais discos.
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