Não sei se os pais de hoje ainda têm o hábito de batizar os filhos com um segundo nome. Sei que da minha geração para trás boa parte da rapaziada leva dois nomes no RG, aquelas alcunhas bem de personagem de dramalhão mexicano, tipo Cristiano Gabriel, Cláudio Amaro, Juliano Haroldo, Rodrigo Eduardo e por aí vai.
Meu avô paterno exagerou um pouco na brincadeira. Botou Francisco como segundo nome de todos os sete filhos. Inclusive nas quatro filhas. O que era para ser nome virou praticamente sobrenome.
A primeira possibilidade de se ter um segundo nome é de que ele desapareça completamente da personalidade de seu dono. Nesse caso, o segundo nome só vai ser lembrado em duas hipóteses.
A primeira possibilidade de se ter um segundo nome é de que ele desapareça completamente da personalidade de seu dono
A primeira, quando a pessoa precisa escrever o nome completo em algum registro ou documento. A segunda, quando ambos os nomes são ditos em tom de reprimenda por alguém muito próximo, íntimo. Por exemplo, bronca de mãe. Se o sujeito se chama João Pedro, a mãe não vai falar “não faça isso, João!” Ela vai falar “não faça isso, JOÃO PEDRO” – assim mesmo, parecendo que a bronca sai em letras maiúsculas.
O outro destino do segundo nome é justamente ocultar o primeiro. Meu irmão, por exemplo, se chama Luiz Rafael. Mas eu estou para conhecer alguém que o chame de Luiz. Afinal, na minha família, de Luiz já chega o meu pai. Outro cara do mesmo patamar do meu mano que sofre deste problema: Paul McCartney, que na verdade tem como primeiro nome o mesmo de seu pai, James, como vocês bem puderam ler na coluna da semana passada, e que pouco gente sabe.
Há exceções, nomes que combinam tão bem, mas tão bem, que acabam virando praticamente um. Por exemplo: Carlos Alberto. Outro caso: João Carlos. Paulo César também entra nessa lista, assim como Júlio César – aliás, Júlio não combina com nenhum outro nome além de César, só para constar.
Já se você se chamar Alterminstoclei, infelizmente, não vai combinar com nenhum outro nome. Conforme-se.
E antes que o espaço desse texto termine, tenho de revelar que também sou um dos afortunados com dois nomes de batismo. No caso, Henrique – que só lembro que existe quando meu pai, nos dias de bom humor, me chama dessa forma.
Mas aí você, caro leitor, que já tem uma certa intimidade aqui comigo, toma a liberdade de me questionar com um tom um pouco mais impaciente: e o que eu tenho a ver com isso, MARCOS HENRIQUE?!
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