Foi por volta de 1985 que lembro ter tomado conhecimento do vandalismo sofrido pelo busto erigido em memória da professora Julia Wanderley em frente do colégio que leva o seu nome e instalado na Avenida Vicente Machado na esquina com a Rua Francisco Rocha, no Batel.
O assunto sobre o monumento danificado, esculpido por Erbo Stenzel em granito, surgiu no bar da antiga e extinta Churrascaria Cruzeiro. Foi aventada a possibilidade de ter sido a depredação executada por alunos ou ex-alunos da própria escola, que na época ainda era denominada como "Grupo Escolar Júlia Wanderley". Naquela época, a cabeça foi derrubada do pedestal tendo sido destruído o nariz.
Durante um quarto de século a cabeça da ilustre mestra ficou ali, mutilada, mostrando o descaso das autoridades (in) competentes para com a nossa memória, ainda mais em se tratando de um símbolo da cultura paranaense, como o é Dona Julia. É bem verdade que algum esforço aconteceu para reparar a depredação: uma antiga diretora do estabelecimento tentou reparar o dano, bisonhamente, com durepox. Noticiários na imprensa não faltaram, entretanto sem nada adiantar.
No dia 26 de julho do ano passado decidimos escachar a vergonha ostentada, durante tantos anos em frente do educandário, aqui nesta página da Nostalgia. Surtiu efeito. O busto foi retirado e, agora, meio ano depois, reapareceu perfeito com o nariz recolocado como se nunca tivesse dali saído. Não podemos deixar de cumprimentar o artista que executou o serviço com tal perfeição. Lá, está a cabeça da professora Julia Wanderley.
A nossa luta pela preservação dos símbolos históricos e também pelos seus valores, como reverência ao que existiu, é uma real estima em prol da memória do nosso povo. Temos a satisfação de ter compartilhado na preservação do nome da Universidade do Paraná, através do seu prédio histórico como símbolo de Curitiba. Assim como participamos com reportagem, aqui na Gazeta do Povo, para o retorno do pedestal original do monumento de Zacarias de Goes e Vasconcellos, erigido em 1915 na praça do mesmo nome.
A data da inauguração do Passeio Público também foi retificada pela Gazeta do Povo, enquanto a prefeitura insistia em fixá-la como sendo em agosto de 1886, quando na verdade foi aquele espaço inaugurado no dia 2 de maio de 1886 pelo então presidente da província, Alfredo de Escragnole Taunay.
Esta página memorialista sente-se satisfeita, através da Gazeta do Povo, em ter participado em mais esta preservação, no que é mais caro para a cidadania de um povo: a sua História.
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