Em 30 de janeiro passado, a Nostalgia começou a publicar como surgiu a Cinelândia de Curitiba. Hoje o local é conhecido como Boca Maldita e perdeu todo o clima romântico que possuiu no século passado, isto até o início da década de 1970, quando as últimas salas que ali existiam não resistiram ao progresso imposto por projeto, quando aconteceu a modificação que se concretizou com o fechamento do tráfego de veículos na Rua XV de Novembro.
As salas de cinema frequentadas pelo público curitibano eram enormes em se comparando com as atuais, minúsculas, incrustadas no interior dos inúmeros shoppings espalhados pela cidade. Atualmente os antigos cines quando mencionados são tratados como cinemas de rua, o que nos dá a falsa ideia de que os filmes eram projetados em plena via pública, como um Cine Grátis que possuí no início dos anos sessenta em Londrina.
Para o curitibano que hoje beira os 40 anos de idade, falar em romantismo da Cinelândia não tem sentido, principalmente quando observa o movimento da atual Avenida Luiz Xavier. Jamais poderá imaginar a saída de uma matinê de domingo no Cine Avenida, quando a rapaziada se postava em frente para flertar com os brotos que afloravam do interior da sala de espetáculos.
Menino algum da atualidade consegue pensar como eram os cinemas frequentados pela piazada de meio século passado. Os pulgueiros, como eram conhecidos os cines Broadway e Curitiba, onde as sessões começavam a uma da tarde e só acabavam depois das seis, quando eram projetados desenhos animados, três filmes e dois seriados, um deles nos capítulos finais e o outro começando. Tudo isso era temperado com uma algazarra infernal de assovios e sapateados. Muito piá, que hoje é sexagenário, negociou gibis na porta desses cinemas, a fim de poder pagar seu ingresso. O Cine Ópera, sala elegante onde não era permitida a entrada com traje sem gravata, exibia filmes da Metro Goldwyn Mayer muito ao gosto dos casais de namorados. Memoráveis foram os musicais da MGM.
O Cine Palácio, que pertenceu a Antônio Mattos Azeredo, fazia parte de nova firma exibidora, agora sob o comando de Henrique Oliva, que já possuía o Cine Broadway, antigo Central, em que H. Oliva participou da sociedade com Antônio Zanicotti e Domingos Foggiatto. A Empresa H. Oliva fez negociação com Theófilo G. Vidal, que construiu, na Praça Zacarias, um prédio especialmente para comportar um cinema. Com o imóvel ainda em construção, em 1938, um ano antes da inauguração, Henrique Oliva o alugou pela quantia de cinco contos de réis mensais e, ali, inaugurou o Cine Luz em dezembro de 1939.
NR: Em vista do volume de correspondência e telefonemas, com pedidos, ainda será publicada matéria sobre outros cines de Curitiba, incluindo antigos cinemas de bairros. Para qualquer contacto o telefone é: (41)3242-7977.