Quem está no dia a dia de uma redação de jornal fica acostumado com as boas notícias, tanto quanto com as indesejadas. Ultimamente, o sentimentalismo e o senso crítico se misturam na minha cachola; às vezes fico matutando: será que estou afrouxando o garrão?
Quem, como eu, foi do tempo em que a cobertura jornalística era uma salada russa quando o repórter fotográfico recebia a pauta, normalmente rabiscada na lousa, saía para fotografar um acidente ou então registrar imagens de um corpo inerte estendido no mármore do necrotério. Aliás, as fotos eram pedidas pelo repórter policial, carrapicho na gíria dos tiras; e tais fotos jamais eram publicadas, não passavam pelo crivo da chefia da redação.
Uma passada em seguida na Assembleia Legislativa, para fotografar a entrevista com o deputado que estava brigando com o governo. Na saída, aproveitava para dar um chego na Delegacia de Plantão, onde estava detida uma dupla de vigaristas que tentaram aplicar o conto do paco em um matuto que desembarcara na estação ferroviária. Tudo isso era feito a pé, pois cada espaço visitado não ficava a mais de trezentos metros um do outro.
Carro de praça só era usado para ir até os campos de futebol registrar os treinos ou alguma entrevista, ou então para chegar a uma cobertura feita em clubes pelo colunista social. Tudo isso era uma rotina diária. Normalmente, para economizar caminhadas, o fotógrafo já ia fazendo um estoque de imagens de açougues, padarias, cafezinhos, leiteiros, feiras livres e o que mais fosse instado pelos encarregados de dar cobertura ao custo de vida.
As notícias, boas ou más, eram a munição para o jornal do dia seguinte. Vivia-se no meio dos acontecimentos. Metia-se o nariz no meio de incêndios, e até mesmo em pancadarias e quebra-quebras. Era uma vidinha agitada, salpicada de novidades, com as possibilidades de se angariar boas amizades ou, então, grandes inimizades.
Desde que me enfronhei em lidar com memórias, com imagens históricas e outras coisas do passado, tenho convivido com as redações aqui da Gazeta do Povo, que nada lembram as modestas instalações do que viria a ser o maior jornal do Paraná. Foi em 1958 que transpus pela primeira vez as suas portas. Piá de 22 anos, jamais poderia imaginar que esta seria a minha profissão nos próximos 55 anos de minha existência. Dentro de um mês, a Nostalgia estará completando 24 anos de circulação ininterrupta, todos os domingos. Um recorde atingido graças à receptividade dos nossos bons leitores.
Como frisamos na abertura, temos boas e más notícias. As boas ficam por conta da frequência do povo na festividade realizada no Passeio Público, com patrocínio da Gazeta do Povo, onde, apesar da maioria de frequentadores adultos, muitas crianças puderam se esbaldar em brincadeiras que lembraram os bons tempos daquele nosso primeiro parque.
Entre as más notícias está a morte de Nestor Gastão Poplade, no último dia 25 de abril. Era uma pessoa sensível ao tratar com assuntos da nossa história. Escreveu o livro As origens da Família e da Chácara Poplade, onde conta como aqui se introduziu o cultivo de videiras para a produção de finas uvas de mesa, assim como viníferas de alta qualidade. O amigo Poplade colecionou esta página com carinho especial desde a primeira que saiu, em 4 de junho de 1989, com um destaque: todas elas condicionadas em álbuns com capas de couro, tendo o nome Nostalgia gravado em letras douradas. Foi para outras vindimas o bom amigo Nestor Gastão Poplade, seu falecimento aconteceu sete dias antes de completar 87 anos.
Outra má notícia se insere no vandalismo que vem acontecendo em nossa cidade: pichações, destruição de bens públicos; além de outros crimes mais graves, como roubos e assassinatos. No Batel, a Rua Olavo Bilac era calma até pouco tempo, ocorre que pacientes de um hospital da redondeza têm deixado seus veículos na quadra após a Rua Josefina Rocha. Já aconteceram três arrombamentos, assim como três carros foram roubados. É o preço do progresso, ou é mesmo falta de policiamento.
Por último, a notícia de que um alienado resolveu ficar nu e quebrar o que estava em sua frente no interior da Catedral, isso por não ter sido atendido em suas orações. Já pensou?
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