A gente que é moradora de cidade grande fica admirada ao escutar as previsões do pessoal tanto do litoral como o do interior sobre o comportamento do tempo. Pode, muitas vezes, estar brilhando o maior sol pela manhã na praia, e vem o caiçara com seu vaticínio: "Depois do almoço vai dar uma lestada e vai desabar água". Tiro e queda, o pescador está no seu chão e conhece as manhas atmosféricas.
No meu tempo de piá, passava as férias escolares no interior e escutava as histórias na roda de chimarrão da caboclada. Quando não eram causos de assombrações e almas penadas, contadas com intuito de assustar as crianças que xereteavam a roda, o assunto era o comportamento do tempo. O mês de agosto era aproveitado para efetuarem as queimadas, depois de o inverno ter secado os campos e também de ter sido quebrado o milharal; isso era feito também aproveitando o vento constante próprio daquele mês. A previsão do tempo para o futuro verão, entre outras coisas, estava estabelecida na florada do ipê-amarelo, que tinha de acontecer entre o dia primeiro e dia quinze de agosto. Caso atrasasse, era sinal de que o verão prometia muita chuva.
Outro barômetro que o roceiro usava, e ainda usa, estava preso ao dia em louvor a São Miguel Arcanjo, que é 29 de setembro. A crença é de que chover e trovejar no Dia de São Miguel vai ter chuvas constantes nos seis meses seguintes. Os meteorologistas acreditam que isso acontece aqui no Sul pelo aquecimento do Oceano Pacífico, para o que nomearam o fenômeno de El Niño. Por sinal, com o recente temporal ocorrido em Curitiba e em boa parte do Paraná, não se ouviu ninguém lembrar do El Niño.
O mês de outubro, historicamente, é reconhecido como de aguaceiros e de enchentes nos vales por onde atravessam os rios curitibanos. O Rio do Ivo é o que afeta a parte mais central da cidade, ajudado pelo seu afluente, o Rio Bigorrilho. O Rio Belém inunda a região do Centro Cívico, notadamente a Avenida Cândido de Abreu e, mais ao sul, quando recebe as águas do Ivo, alagando a região das ruas João Negrão, Visconde de Guarapuava e Sete de Setembro, e continuando a fazer estragos nos bairros de Uberaba e Boqueirão.
Vemos na atualidade o pessoal que lida com o meio ambiente comentar que as enchentes ocorrem atualmente em Curitiba porque as ruas estão calçadas, não permitindo a infiltração das águas na terra. Enchentes sempre existiram por aqui, mesmo quando os rios não eram canalizados e também quando as ruas, em quase sua totalidade, não possuíam cobertura de asfalto ou lajotas.
O temporal que despencou em Curitiba no dia 3 último mostrou, ainda, outro sério risco que ameaça tanto a vida da população quanto o seu patrimônio, como o perigo das árvores condenadas, por causa da idade ou da infestação de pragas, como a erva de passarinho. Vários pinheiros araucária tombaram causando estragos em residências e veículos, isso porque existe uma campanha doentia de preservação de tais árvores, mesmo que elas estejam em áreas de risco tanto para vidas humanas como para seus bens materiais. Que tal uma atitude ecologicamente correta para livrar dos perigos que cercam os nossos cidadãos?!
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