A Nostalgia do domingo que passou publicou uma foto do interior de uma exposição realizada no campo que hoje é a Praça Rui Barbosa. A imagem era de um monumento homenageando os personagens criados pela chargista Alceu Chichorro. Muitos leitores entraram em contato para saber que fim havia sido o destino daquela alegoria onde estavam as figuras criadas pelo artista na imprensa de Curitiba. Afinal, o que fizeram com as figuras de Chico Fumaça, da Marcolina e do cachorro Totó?
Todos foram informados que tal monumento era apenas uma fantasia, nada de definitivo. Estivera lá apenas como uma homenagem ao criador das figuras e também, obviamente, como atração decorativa da mostra que se realizava em 1934.
Alguns leitores desejaram saber mais sobre exposições realizadas em Curitiba, se queixando de que procuraram na internet alguma informação, principalmente para trabalhos pedidos pelas escolas de seus filhos, e que só haviam encontrado alguma coisa sobre a história da cidade em blogs diversos.
Atendendo ao interesse sobre exposições e feiras realizadas em outros tempos em Curitiba, publicamos algumas fotos de 1903 até 1953. Agora, quanto às consultas sobre a história da cidade e mesmo sobre outros assuntos, na internet, erroneamente chamadas de pesquisas, posso dizer que pessoalmente sou contrário que se usem tais informações, pois geralmente são chutes colocados ali por neófitos, que meramente o fazem no intuito de se exporem como conhecedores de assuntos que infelizmente ignoram. Além de textos feitos na base da cópia, com enxertos estapafúrdios, ilustram com fotos antigas extraídas da própria Nostalgia, onde assentam datas erradas e, ao bel-prazer, não se preocupando em dar o crédito da fonte. Ainda bem.
Alunos de uma escola pública nos pediram informações sobre a fundação de Curitiba, sabedores de que este colunista foi contrário aos festejos dos 300 anos do estabelecimento da cidade. Pois bem, mais uma vez afianço que a data de 29 de março de 1693 como da criação da cidade foi proposta por Romário Martins, em 1906, quando era vereador pela Câmara Municipal de Curitiba, baseado que foi na data em que se elegeram os primeiros vereadores da vila e se instalou a justiça. Respeitamos o historiador, entretanto quando ele não tinha elementos para afirmar criava uma lenda em torno do assunto. Curitiba vive mais de lendas do que histórias reais, em torno de seu surgimento.
O surgimento da vila de Curitiba tem uma sequência de fatos e datas que são deixadas de lado e se mantendo uma única como a verdadeira. Vamos a um encadeamento de episódios que tem início por volta de 1640, quando Eliodoro de Ébano Pereira circulou por essas bandas à cata de ouro. Pois esse ilustre precursor comunicou ao rei de Portugal, em 1654, que havia fundado as vilas de Curitiba e de Iguape. Passados catorze anos, em 1668, foi erigido o Pelourinho na atual Praça Tiradentes. Ele era o símbolo da presença da justiça do monarca de Portugal. Passados 25 anos, aí sim, em 1693, foi criada a primeira vereança de Curitiba, assim como a sua própria justiça. Tudo isso somente tem valor judicial com a correição, feita pelo ouvidor Pires Pardinho, em 1721.
Com tudo isso e mais as sandices incrustadas na internet, podemos afirmar que Curitiba foi sendo fundada aos pedaços, um pouquinho por vez. Ou será que ainda não foi?
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