É uma experiência verdadeiramente intrigante a pessoa se encontrar num lugar em que nunca esteve e achar que já esteve ali, inclusive reconhecendo o ambiente; ou então sentir que uma reunião em que está presente e ter certeza de que a mesma já ocorreu em tempos passados, incluindo saber o que vai ser tratado e conversado, como num replay intrigante.
A expressão é francesa: déjà vu! Que em português significa: já visto. Acredito mesmo que alguns dos nossos leitores, em alguma ocasião, devem ter sentido a sensação perturbadora de já ter vivido aquele momento e que não seria o caso de uma coincidência, coisa um tanto comum para quem viaja para o estrangeiro: Puxa vida! Em Tóquio vi um sujeito que era, sem tirar nem pôr, aquele advogado que frequenta a Boca Maldita. Não seria necessário pôr ou tirar, pois o sujeito era o próprio, flanando pelo Japão.
Há outra ocasião de alguém participar de um acontecimento e murmurar com seus botões: "Está acontecendo igualzinho a um sonho que tive em tempos passados". Conheço ainda um amigo que estava sentado à frente de um café, em Paris, quando ouviu em alto e bom som o seu nome ser chamado: Fulano de Tal! Por mais que procurasse quem o havia chamado, nunca o encontrou. Passou o resto da vida tentando adivinhar quem seria.
Aquele brado virou neurose. Até o final da vida o infeliz tentou em vão desvendar o seu misterioso conhecido.
As fotografias publicadas aqui na Nostalgia, todas antigas, não deixam de certa forma despertar nos leitores mais antigos a sensação do déjà vu, ruas, casas, edifícios e coisas que já sumiram há muito tempo da paisagem urbana. Do mesmo jeito que se fica admirado pelas transformações que acontecem por todos os cantos da cidade tendo brotadas despercebidas da nossa atenção.