A vida não teria graça alguma para as pessoas ditas de bem se fosse apenas feita de momentos e se tais momentos não ficassem gravados na memória. Já pensou não poder se lembrar das coisas acontecidas, tanto as boas quanto as maldosas? Ainda bem que nos lembramos de tudo, ou de quase tudo, que vivenciamos. Entretanto, sempre nos ajuda algum suporte para tais recordações; e o mais concreto dos suportes é a fotografia.
Esta página de histórias e Nostalgia leva ao leitor da Gazeta do Povo exatamente isso. Conseguimos dizer que era assim através de fotografias antigas, feitas por profissionais e amadores desde que ela foi inventada, na segunda década do século 19. Recentemente faleceu um amigo que foi grande fotógrafo, o Djalma Badaró Braga. Trabalhou na revista O Cruzeiro durante largo tempo, desde a década de 1950; tendo, ali, ilustrado importantes reportagens assinadas por cobras da época.
Em 1970, já de volta a Curitiba, Badaró Braga prestou seus serviços aqui mesmo para a Gazeta do Povo, produzindo imagens mais singelas, mas com muita arte, para colunas sociais e suplementos femininos. Foi nessa época que conheci o Badaró, mais tarde sempre o encontrava transitando pelo Bigorrilho, Batel e Seminário, quando batíamos bons papos sobre nossas peripécias profissionais. Agora soube que o velho amigo partiu para o outro lado, deixando o trabalho, feito com suas imagens, para a memória brasileira. O escultor João Turin foi fotografado trabalhando em seu estúdio pelo Badaró, o que seria a última coleção de imagens gravadas daquele importante artista em estátuas.
Como esta página tem seu ponto forte nas fotografias antigas, que são publicadas e que, muitas vezes, são colaborações dos leitores, não podemos deixar passar em branco tais participações. Acabamos de receber de Montevidéu, enviado por Pedro Odayr Borges Padilha, conterrâneo que lá está residindo, duas fotografias do início do século passado, ambas aqui de Curitiba. A primeira é da visita do presidente do Brasil, Afonso Pena, em 1906, quando ficou hospedado no palacete da família Leão, no Alto da Glória.
A segunda, ainda não identificada, provavelmente de um engenho de erva-mate, com alguns automóveis na frente. Em ambas, podemos notar o lamaçal no terreno. A razão de tais fotos se encontrarem no Uruguai se prende ao fato do intenso comércio das ervateiras curitibanas com aquele país, quando ali existiam representações do produto e até mesmo uruguaios que tinham sociedade com engenhos de mate em Curitiba.
Ainda atendendo a alguns pedidos, publicamos três fotografias. Uma delas do Largo Frederico Faria de Oliveira, ali na junção das ruas Cândido Lopes e Carlos de Carvalho. Outra é da primeira quadra da Rua XV de Novembro molhada, após uma chuvarada; e, finalmente, o leitor que gostaria de saber da existência da Guarda-Civil em Curitiba e como seria o uniforme de seus componentes. Esperamos satisfazer a curiosidade de todos.