Programa tradicional do curitibano, também tradicional, começa com o café da manhã, geralmente acompanhado da leitura da Gazeta do Povo. Missa, culto, papo na Boca, aperitivo no boteco da esquina, preparar um churrasco ou, então, partir para aquele almoço em Santa Felicidade. Lá se foi a manhã e metade da tarde.
À tarde uma sestada, porque ninguém é de ferro. Lá se foi o domingo de grande parte dos curitibanos. Os mais acesos ainda vão enfrentar um estádio de futebol; aqueles que não gostam da esbórnia se ligam na televisão, ou vão para o bar, assistir aos jogos acompanhados por uma gelada, porque ninguém continua sendo de ferro.
Esta rotina não é seguida por todos. Tem aqueles que passeiam nos diversos parques existentes na cidade. Outros dão um pulinho até o litoral, com preferências para Morretes e Antonina. Os velhos pescadores ficam curtindo as saudades das lambarizadas que pegavam nos mais diversos rios da região metropolitana, hoje todos poluídos. Para a juventude, o grande programa de domingo é frequentar as lanchonetes e os cinemas instalados nos shoppings da cidade. Essa é a domingueira da atualidade.
Nas domingueiras de antigamente, o negócio era diferente. As missas principais eram realizadas às 11 da matina era um verdadeiro desfile de modas, o pessoal ia mais para se ver do que para assistir ao ofício religioso. Pela manhã, o movimento do Passeio Público era estritamente familiar, quando ali estavam os pais passeando com a criançada. Já à tarde, o ambiente era invadido pela soldadesca que vinha paquerar as empregadas domésticas, que curtiam sua modesta folga de domingo.
Os cinemas no centro da cidade começavam seus movimentos logo pela manhã, com apresentações das matinadas infantis com desenhos animados e até mesmo, incluindo na programação de auditório, a presença de artistas mirins que faziam parte dos programas da Rádio Guairacá, a Voz Nativa da Terra dos Pinheirais!
Na parte da tarde, o centro de Curitiba fervia. Logo após o almoço, a juventude e mesmo o pessoal mais taludo desembarcavam aos magotes dos bondes e ônibus, vindos dos bairros e arrabaldes, enchendo as matinés dos cinemas. Ao término das sessões, era realizado um footing pela Avenida João Pessoa (atual Luiz Xavier), seguindo pela Rua XV, até a Rua Barão do Rio Branco, e vice-versa. Havia domingos em que o tráfego de automóveis era interditado, ficando o leito dessas ruas para uso exclusivo dos pedestres.
Os aficionados pelas corridas de cavalos se aboletavam no Prado do Guabirotuba. Principalmente nos domingos de Grandes Prêmios, quando a elegância dos frequentadores era a tônica da reunião. Para preencher parte do dia, ainda eram realizadas tardes dançantes por alguns clubes. Sendo a mais famosa, durante anos, a que ficou conhecida como Chá dançante de Engenharia, realizada nos salões da antiga Sociedade Duque de Caxias. O domingo curitibano não se restringia ao centro da cidade, pois a periferia também se animava com os famosos festivais de várzea e as saudosas festas e quermesses das igrejas, que varavam o dia em animação constante proporcionada pelos serviços de alto-falantes, nos quais a rapaziada dedicava músicas para as moças, com o locutor sempre descrevendo como a homenageada estava trajada, o que causava rubor e risinhos na jovem apontada e nas que a acompanhavam. E assim terminava uma domingueira curitibana dos bons tempos.
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