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Tanque do Bacacheri era a praia de domingo dos curitibanos. Foto de 1939 |
Tanque do Bacacheri era a praia de domingo dos curitibanos. Foto de 1939| Foto:
  • Fachada do Cine Avenida, um dos cinco cinemas que faziam parte da Cinelândia
  • Festa no palco flutuante do Passeio Público, com artistas do Circo Queirolo. Início dos anos de 1970
  • O radialista Aluizio Finzeto, apresentando uma pequena artista do Clube Mirim
  • Footing na Rua XV de Novembro, na primeira quadra, em 1944
  • Prado do Guabirotuba em domingo de Grande Prêmio, em 1949
  • Programa de domingo: piquenique familiar nos arredores de Curitiba, no século 20

Programa tradicional do curitibano, também tradicional, co­­me­­ça com o café da ma­­nhã, geralmente acompanhado da leitura da Gazeta do Povo. Missa, culto, papo na Boca, aperitivo no boteco da esquina, preparar um churrasco ou, então, partir para aquele almoço em Santa Fe­­licidade. Lá se foi a manhã e metade da tarde.

À tarde uma sestada, porque ninguém é de ferro. Lá se foi o domingo de grande parte dos curitibanos. Os mais acesos ainda vão enfrentar um estádio de futebol; aqueles que não gostam da esbórnia se ligam na televisão, ou vão para o bar, assistir aos jo­­gos acompanhados por uma gelada, porque ninguém continua sendo de ferro.

Esta rotina não é seguida por todos. Tem aqueles que passeiam nos diversos parques existentes na cidade. Outros dão um pulinho até o litoral, com preferências para Morretes e Antonina. Os ve­­lhos pescadores ficam curtindo as saudades das lambarizadas que pegavam nos mais diversos rios da região metropolitana, hoje todos poluídos. Para a juventude, o grande programa de domingo é frequentar as lanchonetes e os cinemas instalados nos shoppings da cidade. Essa é a do­­mingueira da atualidade.

Nas domingueiras de antigamente, o negócio era diferente. As missas principais eram realizadas às 11 da matina – era um verdadeiro desfi­­le de modas, o pessoal ia mais para se ver do que para assistir ao ofício religioso. Pela ma­­nhã, o movimento do Passeio Público era estritamente fa­­miliar, quando ali estavam os pais passeando com a cri­ançada. Já à tarde, o ambiente era invadido pela soldadesca que vinha pa­­que­­rar as em­­pregadas do­­més­­ticas, que curtiam sua modesta folga de domingo.

Os cinemas no centro da cidade começavam seus mo­­vimentos logo pela manhã, com apresentações das matinadas infantis com desenhos animados e até mesmo, in­­cluindo na programação de auditório, a presença de artistas mirins que faziam parte dos programas da Rádio Guai­­racá, a Voz Nativa da Terra dos Pinheirais!

Na parte da tarde, o centro de Curitiba fervia. Logo após o almoço, a juventude e mesmo o pessoal mais taludo desembarcavam aos magotes dos bondes e ônibus, vindos dos bairros e arrabaldes, enchendo as matinés dos cinemas. Ao término das sessões, era realizado um footing pela Avenida João Pessoa (atual Luiz Xavier), seguindo pela Rua XV, até a Rua Barão do Rio Branco, e vice-versa. Havia domingos em que o tráfego de automóveis era interditado, ficando o leito dessas ruas para uso exclusivo dos pedestres.

Os aficionados pelas corridas de cavalos se aboletavam no Pra­­do do Guabirotuba. Principal­­mente nos domingos de Grandes Prêmios, quando a elegância dos frequentadores era a tônica da reunião. Para preencher parte do dia, ainda eram realizadas tardes dançantes por alguns clubes. Sendo a mais famosa, durante anos, a que ficou conhecida co­­mo Chá dançante de Engenharia, realizada nos salões da antiga Sociedade Duque de Caxias. O domingo curitibano não se restringia ao centro da cidade, pois a periferia também se animava com os famosos festivais de várzea e as saudosas festas e quermesses das igrejas, que varavam o dia em animação constante proporcionada pelos serviços de alto-falantes, nos quais a rapaziada dedicava músicas para as mo­­ças, com o locutor sempre des­­cre­­vendo como a homenageada es­­tava trajada, o que causava rubor e risinhos na jovem apontada e nas que a acompanhavam. E as­­sim terminava uma domingueira curitibana dos bons tempos.

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