No último domingo, o grito de carnaval realizado na região do Largo da Ordem foi um verdadeiro Deus nos acuda. O que era para ser uma folia sadia virou uma esbórnia generalizada. Como dizia aquele polaco: Coreu ripa na baile! A rapaziada, com o dente do siso boiando em chope, resolveu achar que a polícia estava ali sem ser convidada e deram início aos descomedimentos.
A justa não gostou e pediu reforços para entrar na festa. Os companheiros vieram e começou a animação. Paulada, porrada, cacetada, granadas ofensivas e spray pimenta tinha para todo mundo. Afinal de contas, jamais se poderia perder tal oportunidade para pôr em prática os ensinamentos adquiridos no Guatupê e no pátio do quartel da maneira mais rápida de se controlar um tumulto, nem que para tanto fosse necessário criar um maior.
Os foliões de um lado e a polícia do outro deram as suas explicações e versões várias, a fim de justificar o ocorrido. Com as arrestas aparadas, hoje está todo mundo de volta, ao mesmo palco, para complementar a festa estropiada pelos mal-entendidos do domingo que passou.
Questão de três décadas passadas, um grupo se reuniu no Bar do Pasquale, no Passeio Público, e resolveu criar um bloco carnavalesco ao qual deram o nome de Banda Polaca. Em princípio a coisa funcionou, até que alguém vislumbrou uma maneira de faturar em cima da tal banda e a registrou em seu nome. Já no primeiro desfile estavam presentes algumas dondocas socialites devidamente aboletadas em carro aberto.
A Banda Polaca adentrou na Avenida Luiz Xavier, devidamente ornada com faixas mostrando seu patrocínio por marcas de bebidas. Eis que, carnavalescamente, a Gilda, conhecida bicha maltrapilha, achou em subir no carro aberto e desfilar junto com as socialites. Foi agredida pelo esperto dono da banda. Humilhada, Gilda deu a palavra final, o veredicto que fez a Banda Polaca sumir dos carnavais: Você pensa que é machão? Por que não assume de vez o teu lado mulher?!
Com o fechamento da Rua Quinze de Novembro, desapareceu junto muita coisa do humor curitibano. A prefeitura anteriormente já estava atrapalhando a festa de Momo. Os blocos para saírem às ruas tinham que se registrar, pedir licença para se divertir. Os famosos desfiles dos calouros da Universidade do Paraná, em todo início das aulas, no mês de março, foram abolidos para que, com suas irreverentes verdades, não ferissem melindres de pudicos figurões. Mataram a disposição de espírito do velho curitibano e agora querem, meio à força, ressuscitar algo que se perdeu junto com antigos calendários.
Quem estava gostando da folia pré-carnavalesca era o comércio de molhados da região, que agora está sem poder vender bebidas em garrafas de vidro. Há males que vêm para o bem, outros nem tanto.
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